Fonte: http://www.grandepremio.com.br/
Foram 3/4 de 500 Milhas de Indianápolis absolutamente atípicos e, depois, emoção pura. Teve até bandeira vermelha no fim para evitar que pelo quinto ano seguido se terminasse a corrida sob amarela. E o que se viu nas cinco voltas derradeiras foi um espetáculo que valeu tudo. Ryan Hunter-Reay e Helio Castroneves brigaram pela vitória em um duelo que certamente vai entrar para a história. Linhas defensivas para lá e para cá, manobras inesperadas e arrojadas, e Hunter-Reay acabou 0s060 na frente de Castroneves para ganhar pela primeira vez no solo do Speedway.
A Andretti se mostrou fortíssima, aliás, colocando quatro de seus cinco carros no top-10 da corrida. Além da vitória de Hunter-Reay, Marco Andretti ficou em terceiro, Carlos Muñoz acabou em quarto e Kurt Busch terminou em sexto. James Hinchcliffe também teria terminado ali no bolo não fosse o acidente que provocou e tirou da prova o pole Ed Carpenter.
Tony Kanaan teve um dia para esquecer — e culpar a Ganassi. O brasileiro teve problemas em seu primeiro pit-stop, chegando sem combustível na entrada dos pits. Para piorar, o 'starter' não funcionou apropriadamente e, além de não conseguir ligar o carro na saída, fez a equipe ter de trocar o câmbio para fazê-lo funcionar. 26º foi o que conseguiu, no fim das contas.
James Hinchcliffe passou à frente de Carpenter numa largada ilesa na primeira curva, mas com um problema menor na reta oposta: um toque leve com Davison afetou o bico do carro de Briscoe, o levando de cara aos boxes. Só na volta 10 é que houve a destroca, com o norte-americano do carro #20 retomando a posição em que partiu.
Mais atrás, Castroneves mantinha-se em quarto e Kanaan avançava dois lugares, indo para o 14º.
Passadas 20 voltas, dois pontos chamavam atenção: os 30 primeiros colocados estavam separados por uma diferença de 13s, o que significa menos de 1/3 da pista; e Briscoe era quem virava mais rápido, na casa de 223 mph, certamente em busca para recuperar a volta que perdera. E como asterisco, que Carpenter só estava liderando porque o resto não queria – nem o próprio, decerto.
Foi Ed, de cara para o vento, o primeiro a parar, na volta 29; na seguinte, foi a vez do outro então líder, Hinch. Aí a boiada toda acompanhou. O último foi Aleshin, que teve o gosto de pontear a Indy 500.
Com a volta ao ritmo, Power resolveu andar e passou Carpenter e Hinch para tomar o primeiro posto. Hildebrand também evoluiu e grudou no companheiro/chefe para ficar em terceiro.
Na volta 58, foi Andretti quem decidiu aparecer e avançar: de quarto, pulou facilmente para primeiro. Marco também puxou o povo para a segunda parada nos boxes, lá perdendo terreno para Power. No vaivém da segunda rodada, Castroneves surgiu como o ponteiro e Kanaan teve problemas: sem gasolina na entrada dos pits, o brasileiro chegou no embalo e necessitou do ‘starter’ para fazer o motor ligar. Mal acionada, a peça não fez o seu papel. A equipe teve de trocar o câmbio para tentar solucionar o problema. Foi o adeus à segunda vitória.
Outro que não passou incólume foi Graham Rahal, que abandonou com um problema elétrico. Nada que fizesse muita diferença.
Sem amarela, o terceiro stint da prova seguiu os anteriores, com o líder sendo o primeiro a trocar de pneus e reabastecer. Assim, Castroneves comandou o rebanho na volta 92. Montoya passou à ponta por algumas voltas e, retomada a situação normal, o novo primeiro caiu no colo de Hunter-Reay. Helio decidiu passar o norte-americano na volta 107 para ser a caça; na 117, começaram as trocas entre os dois.
O brasileiro partiu para sua quarta parada na 120. Um pequeno erro fez a parada durar quase 12s. Os outros pilotos da Penske também sofreram: Montoya tornava a colocar-se na primeira colocação em uma tática que vinha privilegiando o consumo extremo de combustível. Quando foi para os pits, demorou a acionar o limitador de velocidade. Tomou punição pelo excesso. Power mostrou-se companheiro de tudo e fez a mesma coisa.
A demora de Castroneves repôs Hunter-Reay na ponta, com Andretti amarrado ao companheiro. Na volta 138, Marco foi adiante. Helio posicionou-se em terceiro, puxando Dixon e Carpenter. Do grupinho, Ed foi o que abriu a quinta rodada dos pits. No intervalo, enfim, surgiu a primeira amarela: Charlie Kimball perdeu o controle na saída da curva 2, rodou e deu de leve no muro, vindo para a parte interna.
150 voltas, ¾ de corrida. Notem o ritmo da coisa.
Como Carpenter não havia tomado volta ao parar, o pole-position da edição herdou a primeira colocação. Depois, vinham Hunter-Reay, Andretti, Dixon e Castroneves.
A bandeira verde voltou a ser acionada na 157, com Hunter-Reay logo passando Carpenter e perdendo a ponta na passagem seguinte, e depois recuperando. Enfim, a corrida pegava no breu, com as esperadas trocas de posições. Depois de quatro ou cinco trocas, Ed resolveu sossegar um pouco e decidiu comboiar o rival. Instantes depois, uma nova amarela surgiu com um dos favoritos indo ao muro: Dixon, na 167 – a volta –, na 4 – a curva. Entrou já rodando e pof!, bela panca.
Aliás, só faltava Dixon ter problema na Ganassi, depois de Briscoe, Kanaan e Kimball. Uma edição para a equipe esquecer. Para não dizer que não ficou um piloto seu, Sage Karam era o único sobrevivente sem problemas, na combinação que a Ganassi fez com a Dreyer & Reinbold para promover o moleque.
Com a rodada de Dixon, Newgarden vinha atrás e tirou o pé para evitar uma colisão. Martin Plowman justificou sua presença na Indy 500 dando na traseira do piloto da Fisher Hartman. Josef abandonou.
Pits para todos, e Hunter-Reay e Carpenter mantiveram seus postos, com Bell pulando para terceiro. Relargada, 175, amarela de novo: Bell abriu por fora e conseguiu superar Carpenter, só que Hinchcliffe tentou meter o carro por dentro, otimista demais. Os três contornaram a curva 1 juntos, mas Ed tocou James, levando os dois ao muro. Acabava o sonho do primeiro e do segundo do grid da Indy 500.
Carpenter desceu do carro e foi lá tirar satisfações irônicas com o canadense gracioso. Pobre Ed.
Hunter-Reay relargou bem na 180, e o mesmo não se pode dizer de Bell, que ficou para trás e permitiu que Andretti saltasse de quarto para segundo, com Castroneves em terceiro. Na 181, curva 3, Marco passou Ryan e tornou-se o líder, e novamente as trocas se davam. Na 184, Helio superou o grupo; Hunter-Reay retomou no giro posterior. O brasileiro deu um tempo e, na volta 189, recebeu o recado de Roger Penske para ir com tudo para cima do norte-americano. Não deu porque Bell bateu e interrompeu a corrida. A batida foi tamanha na curva 2 que a direção de prova acionou a bandeira vermelha para refazer o safer-barrier e, também, permitisse que se terminasse em verde.
A relargada veio na 195, Hunter-Reay manteve a ponta, e a ultrapassagem de Helio aconteceu na 196. Todo mundo passou a adotar a linha interna defensiva. Hunter-Reay conseguiu meter o carro quase na linha para retomar na reta oposta da 197. Na 198, Castroneves conseguiu passar na 1. O concorrente passou na 199 e se segurou demais para não perder mais e cruzar miseráveis 0s060 à frente — segunda menor diferença da história da Indy 500.
500 Milhas de Indianápolis, final:
1 | 28 | RYAN HUNTER-REAY | EUA | ANDRETTI HONDA | 2:40:48.230 | 200 voltas |
2 | 6 | HELIO CASTRONEVES | BRA | PENSKE CHEVROLET | +0.060 | |
3 | 25 | MARCO ANDRETTI | EUA | ANDRETTI HONDA | +0.317 | |
4 | 34 | CARLOS MUÑOZ | COL | ANDRETTI HONDA | +0.779 | |
5 | 2 | JUAN PABLO MONTOYA | COL | PENSKE CHEVROLET | +1.323 | |
6 | 26 | KURT BUSCH | EUA | ANDRETTI HONDA | +2.266 | |
7 | 11 | SÉBASTIEN BOURDAIS | FRA | KV CHEVROLET | +2.657 | |
8 | 12 | WILL POWER | AUS | PENSKE CHEVROLET | +2.850 | |
9 | 22 | SAGE KARAM | EUA | DRR KINGDOM CHEVROLET | +3.284 | |
10 | 21 | JR HILDEBRAND | EUA | CARPENTER CHEVROLET | +3.470 | |
11 | 16 | ORIOL SERVIÀ | ESP | RLL HONDA | +4.107 | |
12 | 77 | SIMON PAGENAUD | FRA | SCHMIDT PETERSON HONDA | +4.567 | |
13 | 68 | ALEX TAGLIANI | CAN | FISHER HARTMAN HONDA | +7.617 | |
14 | 5 | JACQUES VILLENEUVE | CAN | SCHMIDT PETERSON HONDA | +8.177 | |
15 | 17 | SEBASTIÁN SAAVEDRA | COL | KV CHEVROLET | +8.593 | |
16 | 33 | JAMES DAVISON | AUS | KV CHEVROLET | +9.104 | |
17 | 18 | CARLOS HUERTAS | COL | DALE COYNE HONDA | +12.154 | |
18 | 8 | RYAN BRISCOE | AUS | GANASSI CHEVROLET | +13.314 | |
19 | 14 | TAKUMA SATO | JAP | FOYT HONDA | +13.795 | |
20 | 98 | JACK HAWKSWORTH | ING | BRYAN HERTA HONDA | +13.839 |
Últimos vencedores e vices das 500 milhas:
Ano - Nº do carro - Piloto - País - Equipe - Piloto 2º colocado - País - Equipe
2014 | 28 | Ryan Hunter Reay | EUA | Andretti | Hélio C.Neves | Brasil | Pensk | |
2013 | 11 | Tony Kanaan | Brasil | Kv Racing | Carlos Muños | Colômbia | Andretti | |
2012 | 10 | Dario Franchitti | Escócia | Chip Ganassi | Scott Dixon | N.Zelândia | Chip Ganassi | |
2011 | 98 | Dan Wheldon | Inglaterra | Bryan Herta | Jr Hilderbrand | EUA | Panther | |
2010 | 10 | Dario Franchitti | Escócia | Chip Ganassi | Dan Wheldon | Inglaterra | Panther | |
2009 | 3 | Hélio C.Neves | Brasil | Pensk | Dan Wheldon | Inglaterra | Panther | |
2008 | 9 | Scott Dixon | N.Zelândia | Chip Ganassi | Vitor Meira | Brasil | AJ Foyth | |
2007 | 27 | Dario Franchitti | Escócia | AndrettiGreen | Scott Dixon | N.Zelândia | Chip Ganassi | |
2006 | 6 | Sam Hornish Jr | EUA | Pensk | Marco Andretti | EUA | AndrettiGreen | |
2005 | 26 | Dan Wheldon | Inglaterra | AndrettiGreen | Vitor Meira | Brasil | Panther | |
2004 | 15 | Buddy Rice | EUA | RahalLetterm. | Tony Kanaan | Brasil | AndrettiGreen | |
2003 | 6 | Gil de Ferran | Brasil | Pensk | Hélio C.Neves | Brasil | Pensk | |
2002 | 3 | Hélio C.Neves | Brasil | Pensk | Paul Tracy | Canadá | Forsyth | |
2001 | 68 | Hélio C.Neves | Brasil | Pensk | Gil de Ferran | Brasil | Pensk | |
2000 | 9 | Juan Montoya | Colômbia | Chip Ganassi | Buddy Lazier | EUA | Helmergan |
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