Fonte: http://carnaval.ig.com.br por: Valmir Moratelli
Ha várias maneiras de se fazer um carnaval. Tecnicamente perfeito, emocionante, totalmente coreografado, em estilo high-tech. A Portela está disposta a reinventar a forma de desfilar, embalada por um samba que é apontado como o mais bonito de 2012.
O que se viu no primeiro ensaio técnico da agremiação de Madureira na noite deste sábado (14), na Marquês de Sapucaí, foi uma comunidade aguerrida, que acredita no que está cantando, livre e solta na pista, sem a pressão de passos marcados. E o mais importante: confiante que chegou a hora de quebrar o jejum que dura desde 1984, quando ganhou o desfile de sábado, o primeiro do Sambódromo, mas perdeu o supercampeonato daquele ano para a Mangueira.
Curioso que naquele ano a Portela também fez um enredo homenageando a Bahia e Clara Nunes.
Contudo a agremiação ainda é a que acumula mais títulos entre as escolas de samba do Rio de Janeiro, 21 campeonatos.
Nesta noite uma Portela clássica se apresentou, resgatando a força de um samba-enredo que canta e homenageia a Bahia, com “...E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual...”.
Uma das escolas mais tradicionais do Rio e de grande torcida, a Portela vem amargando resultados que não condizem com seu peso histórico. Só chegou perto do título com o desfile de 1995, quando ficou em segundo lugar por meio ponto (perdeu para a técnica da Imperatriz Leopoldinense). Dessa vez, os portelenses voltam a sorrir. Ou melhor, voltam a acreditar que é possível desfilar entre as grandes.
A bateria, repleta de paradinhas ousadas, tendo a atriz Sheron Menezzes à frente, deu conta do recado. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rogerinho e Lucinha Nobre, rodopiaram com leveza de quem entende do riscado. Teve até Vanessa da Mata, tal qual Clara Nunes, que será homenageada do enredo. A julgar pela competência de detalhes do carnavalesco Paulo Menezes, que estreia na função na escola, a águia de Madureira promete surpreender a todos quando entrar para valer na mesma Sapucaí, já reformada, na noite de domingo de carnaval.
A Portela é um gigante que vinha, há anos, ou décadas, adormecido. O samba, este elemento que às vezes é deixado em segundo plano nos desfiles, está fazendo seu papel. Acordou o povo de Madureira. A julgar pelos últimos ensaios tércnicos nas ruas do bairro do subúrbio e o que se viu na Sapucaí, a Portela acordou para a realidade. E vem trazendo consigo a tradição do que se espera de um bom desfile de uma escola de samba.
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