Denúncia de um taxista auxiliar da cooperativa Aerocoop, situada no aeroporto Antônio Carlos Jobim, Rio de Janeiro, foi ameaçado e demitido por entregar colegas de trabalho utilizando um equipamento ligado ao taxímetro do carro que aumentava o valor das corridas. De acordo com ele, cerca de 70% dos táxis da cooperativa têm dispositivos semelhantes. O caso foi registrado na 28ª DP (Campinho) na última segunda-feira, 14, onde ele apresentou vídeo e gravações das ameaças. Para ver o vídeo clique aqui.
Imagens feitas pelo taxista, que não quer ser identificado, mostram o sistema usado para acelerar o taxímetro e aumentar o valor das corridas e ludibriar os passageiros. O alvo, segundo ele, seriam os turistas que chegam ao Rio, já que a cooperativa para o qual ele trabalhava era uma das maiores que atuam no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na Ilha do Governador.
Conforme mostra o vídeo, por meio de um botão instalado junto aos pedais do carro e ligado diretamente ao taxímetro, o motorista pode acelerar o relógio. Segundo o taxista, isso acontece quando o passageiro está distraído.
“Trabalho com táxi desde 2009 e estava há três meses usando esse carro. O motorista que o utilizava anteriormente disse que estava deixando o táxi por causa disso. Levei a denúncia aos diretores da cooperativa e nada aconteceu. Falei com o permissionário [dono do carro] e fui dispensado. Depois comecei a receber ameaças. Numa época em que a gente briga para evitar a entrada do Uber [serviço de transporte individual particular], não dá para deixar uma fraude dessas continuar”.
Sobre a instalação, de acordo com o delator, os dispositivos são instalados “por relojoeiros que já trabalharam no Ipem [Instituto de Pesos e Medidas]. E todo mundo corre para tirar o equipamento do carro toda vez que tem alguma fiscalização. É assim que eles escapam de todas as operações. Devem estar fazendo isso agora, depois que fiz a denúncia”, contou o taxista.
Para Ricardo Telles, diretor presidente da cooperativa há 5 meses, a denúncia faz parte de uma armação e de uma chantagem do taxista auxiliar. De acordo com ele, o motorista associado, o permissionário, um senhor de 70 anos, prestes a se aposentar, disse que o taxista auxiliar, com dificuldades para pagar as diárias – que variam entre R$ 130 e R$ 140 – e sem conseguir entrar num acordo, “plantou” o sistema no carro, filmou e passou a chantagear o dono do táxi.
Segundo o diretor-presidente, todos os 204 veículos da frota são vistoriados regularmente e não há histórico de fraudes deste tipo na empresa, que há 30 anos presta serviço para as companhias aéreas e terminais aéreos. Ele frisa que alguns passageiros não entendem que no guichê no aeroporto existe uma tabela com preços autorizados pela Prefeitura do Rio, mas que não há fraude na cobrança das corridas.
“Nossa avaliação ética não encontrou nada desabonador na ficha do taxista auxiliar e esse comportamento muito nos surpreendeu. Temos 204 permissionários e 50 auxiliares e nunca passamos por situação parecida. Esse motorista trabalhou na cooperativa durante um tempo, saiu por aproximadamente um ano e meio e retornou cinco meses atrás para trabalhar com esse permissionário. Não sei exatamente o que esse rapaz está querendo. Mas vamos levar o caso à polícia”, disse Telles.
Para Secretaria dos Transportes, a fraude qualifica infração gravíssima
A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirmou que o permissionário do táxi mostrado nas imagens será convocado para apresentar o veículo na pista de vistoria do posto da Estrada do Guerenguê, em Curicica, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, para verificação do taxímetro. De acordo com o Código Disciplinar dos Táxis, a falta, inoperância ou violação do taxímetro é infração gravíssima. O valor da multa é de R$ 704,94 e a medida administrativa é o lacre do veículo.
A SMTR acrescentou ainda que irá notificar a cooperativa para que verifique em toda a frota a existência desse sistema de fraude e determinar que sejam informados os táxis com irregularidades. Além disso, a SMTR vai realizar uma fiscalização no entorno do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, para verificar os taxímetros.
A SMTR informou que denúncias de irregularidades devem ser encaminhadas para o 1746, canal de comunicação da Prefeitura do Rio com o cidadão. Todas as denúncias são encaminhadas para os setores responsáveis, onde são checadas rigorosamente.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário