Fonte: http://www.srzd.com
A Mangueira definiu seu enredo para o Carnaval 2018: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. O anúncio foi feito pelo carnavalesco Leandro Vieira, em entrevista ao “Extra”. Ele explicou que o tema é um trecho da marchinha “Eu brinco”, de 1944, na época em que o Carnaval “ficou ameaçado por espírito de tristeza”. Leandro explica: “É uma resposta bem direta ao prefeito e aponta ao caráter festivo, revolucionário do Carnaval”.
“É um enredo que nasce da atual situação que encontra as escolas de samba e os desfiles. Recentemente entramos na discussão muito boa. O prefeito colocou as escolas de samba na pauta de discussão da cidade. Quando propõe o corte da subvenção de 50%, a principal questão é a tentativa de demonizar as escolas de samba. É papel, o Estado precisa fomentar a cultura. O prefeito demoniza isso, coloca escolas de samba de um lado e criança de outro. Nos coloca em opostos. Acho que não vivemos em momento de colocar pessoas em opostos. Principal questão é essa demonização dessas escolas de samba. Isso acabou levantamento uma discussão positiva. O enredo não é guardado na gaveta, é de ocasião. É uma tentativa de retomar o papel das escolas. A Mangueira nunca foi uma porta-voz disso e fico feliz que possa fazer isso agora. Então, peguei tudo isso para desenvolver um enredo. Então, para batizar, usei uma marchinha de 44”.
Segundo a imprensa da época, os festejos do Carnaval de 1944 estavam ameaçados em função das restrições financeiras associadas à crise econômica que o país atravessava. Essa incerteza foi o mote para que Pedro Caetano e Claudionor Cruz compusessem a marchinha batizada “Eu brinco” minimizando os efeitos da crise e assegurando que “com dinheiro ou sem dinheiro” haveria a “brincadeira”. Dentro dessa lógica, a atual discussão envolvendo as Escolas de Samba e o corte da subvenção, supostamente em função da atual crise, abre caminho para o debate.
Sobre enredos patrocinados, Leandro Vieira explicou que recusa alguns “e, por felicidade, a escola entende”. O enredo patrocinado de Hélio Oiticica foi descartado. “Até terça-feira não havia se concretizado o aporte financeiro [para trabalhar o enredo sobre Oiticica]”. Leandro, no entanto, contou que era um enredo que o alegrava. “O enredo de Hélio Oiticica vai ao encontro com o que eu penso. É um discurso muito bacana. Um cara com pensamento como o meu mais voltado para o lado mais crítico. Eu queria falar disso”.
Sobre Luciano Huck, “até a mim chegou a possibilidade de enredo com R$ 6 milhões, mas descartei junto com o presidente. Falei que não era nada contra o Luciano Huck, mas não era pertinente com a Mangueira. A Mangueira homenageou personalidades da cultura brasileira de qualidade inquestionável. Existe um padrão para a Mangueira. E eu achava que o Luciano Huck até o momento não tinha atingido padrão Mangueira para ser enredo”.
Leandro falou ainda que terá que repensar como fazer o Carnaval com a redução da subvenção. “Esse enredo já repensa muita coisa”, disse.
Ao ser perguntado se a religião estaria presente no desfile de 2018, o carnavalesco da verde e rosa afirmou:”A religiosidade vai ficar de fora do desfile. A não ser que eu coloque um santinho para incomodar o prefeito”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário