Fonte: http://www.grandepremio.com.br
E a pior das três equipes consideradas nanicas, da Fórmula 1, é a primeira a deixar a categoria.
Foi por meio do Twitter que o mundo teve a confirmação daquilo que já se especulava há algum tempo no paddock da F1: o fim das atividades da Hispania. O diretor-técnico da equipe espanhola, Toni Cuquerella, confirmou agora à noite, em seu perfil no microblog, que “hoje, depois de três temporadas, a última página da HRT foi escrita”. O prazo final para a negociação da venda do time se encerrava nesta sexta-feira (30). A esquadra passava por uma grave crise financeira e foi colocada à venda. Com a saída da HRT, a F1 tem, por ora, apenas 11 equipes para a temporada de 2013.
A equipe espanhola entrou na F1 por meio do processo seletivo realizado pela FIA em 2009, que escolheu, ainda, USGP, outra que ficou de fora por problemas financeiros, sem sequer estrear na categoria, Manor (atual Marussia) e Lotus (hoje Caterham).
O time, cuja cidade de origem era Murcia, entretanto, quase não alinhou na temporada de estreia, em 2010. O projeto inicial era comandado por Adrián Campos, então proprietário da equipe Campos na GP2. Contudo, o ex-piloto de F1 não teve fôlego para levar o plano adiante e se viu obrigado a vender a equipe para o empresário José Ramón Carabante antes mesmo de o Mundial começar.
Quando Carabante assumiu o comando do time, imediatamente mudou o nome para Hispania, e foi assim que a equipe alinhou no grid do Bahrein em 2010, tendo Bruno Senna e Karun Chandhok a abordo dos carros negros. Christian Klien chegou a pilotar pela equipe naquele ano também, mas apenas em três GPs e sem grande representatividade. A temporada foi muito fraca, devido principalmente à frágil estrutura técnica, e o time fechou o ano sem pontos. O melhor resultado foi um 14° na Austrália, na segunda prova do calendário, obtido pelo indiano. Senna repetiu a colocação na Coreia do Sul. E foi só.
Ainda capengando na F1, a Hispania iniciou o Mundial do ano passado de forma ainda menos competitiva, sendo representada na pista por Narain Karthikeyan, que trazia o patrocínio da montadora indiana Tata, e o experiente Vitantonio Liuzzi, que não levava nenhum grande patrocínio, mas era o referencial da escuderia. Durante a temporada, a partir do GP da Inglaterra, a HRT aceitou um dinheiro da Red Bull, cujo valor não revelado, e emprestou a vaga de Narain a Daniel Ricciardo, para que o jovem australiano ganhasse experiência antes de ser promovido a titular da Toro Rosso no ano seguinte.
Mas os cofres continuavam vazios pelos lados da escuderia ibérica. A crise financeira na Espanha chegava ao seu ápice. Carabante, obviamente, não conseguiu fortalecer financeiramente uma esquadra de resultados pífios e a vendeu em julho daquele ano para o grupo Thesan Capital, também espanhol. E foi ainda em 2011 que o time conseguiu seu melhor resultado na F1: o 13º lugar de Liuzzi em Montreal.
Os novos proprietários ainda promoveram mudanças nas áreas técnicas e de comando no ano passado. Levaram à sede do time para Madri, na Caja Magica, e contrataram, já no fim da temporada, o ex-piloto Luis Pérez-Sala para chefiar o time. Além disso, chamaram o experiente Pedro de la Rosa para assumir o carro para essa temporada, em acordo de dois anos. Karthikeyan, trazendo sempre consigo a Tata, voltou à equipe como titular.
2012 parecia ser uma temporada promissora. Apesar dos rumores que colocavam a equipe como quinta cliente da Renault para fornecimento dos motores, o ano seguiu com a mesma parceria de dois anos antes, com a Cosworth. Karthikeyan e De la Rosa formavam a equipe mais envelhecida da F1, mas diante de um conjunto fraquíssimo, não conseguiram converter a experiência em bons resultados para a escuderia ibérica.
Durante a temporada, a HRT anunciou a contratação de Ma Qing Hua como seu reserva e terceiro piloto. O jovem de Xangai era figura presente no paddock e chegou a participar dos testes com novatos promovidos pela equipe, em Silverstone. No fim da temporada, o chinês foi cotado para ser titular em 2013, até mesmo como forma de salvar a equipe do limbo, graças a patrocinadores locais. Mas nada disso funcionou. Apesar do acordo promissor e da esperança de finalmente fazer a equipe deslanchar na F1, a HRT viveu um ano tumultuado e marcado, especialmente na segunda parte da temporada, por uma grave crise financeira que afetou toda a Espanha.
A bancarrota foi inevitável. Diante de problemas de toda a espécie, o clima era de fim de feira, como foi possível ver em Interlagos. De la Rosa chegou a falar na esperança na sobrevivência da HRT, mas o quadro, que já era de estado grave, ficou irreversível. Apesar de todas as tentativas de reanimação financeira, a escuderia espanhola sucumbiu diante do anuncio do seu diretor-técnico, literalmente na calada da noite.
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