20 de abril de 2010

Button vence corrida alucinante sob chuva na China e é líder do Mundial

Fonte: www.grandepremio.com.br
A chuva, novamente ela, provocou um pandemônio no GP da China, no circuito de Xangai, neste domingo (18). Choveu, parou, voltou a chover, depois choveu mais um pouco. Com tantas variáveis, não houve estratégia que resistisse a esse cenário. Sobreviveria na liderança aquele que errasse menos e contasse com um pouco de sorte. O sortudo e competente da vez foi Jenson Button, que venceu a alucinante corrida e assumiu a liderança do Mundial de F1.A McLaren fez a dobradinha na prova chinesa, graças a mais uma eletrizante atuação de Lewis Hamilton, que novamente fez diversas ultrapassagens arrojadas, deu um show à parte e por pouco não brigou pela vitória. Dessa vez, conseguiu um lugar melhor e garantiu seu espaço no pódio. Que também teve a presença de Nico Rosberg.
O piloto da Mercedes chegou a liderar a etapa, por causa de sua acertada tática no início, mas errou, foi ultrapassado por Button e depois foi superado por Hamilton nos boxes. Pôde ficar com o terceiro lugar, terminando à frente de Fernando Alonso, que foi punido no começo por queimar a largada. Apesar do drive through, o espanhol se recuperou e conquistou o quarto posto.Robert Kubica ficou com o quinto lugar, em mais um dia de comemorações da Renault. Isso porque Vitaly Petrov foi outro que atuou muito bem sob pista molhada e chegou aos seus primeiros pontos na F1 com a sétima colocação.Sebastian Vettel largou na pole, começou mal, teve altos e baixos e acabou em sexto. Mark Webber, Felipe Massa (apenas em nono, caindo para sexto na classificação geral) e Michael Schumacher – que viveu um dia incomum em sua vida, em que foi ultrapassado várias vezes – completaram a zona de pontuação dos dez primeiros.Rubens Barrichello completou a corrida em 12º. Bruno Senna cruzou a linha de chegada pela segunda vez seguida na temporada, agora em 16º. Lucas Di Grassi teve problemas no início, voltou algumas voltas atrás e abandonou após poucas voltas.
Havia a promessa de que a chuva apareceria em Xangai durante o GP da China. Tiro e queda. Minutos antes da largada, começou a garoar, deixando as equipes na dúvida: colocar pneus slicks ou intermediários? A primeira opção foi a escolhida, apesar dos problemas que poderiam vir no caminho.A largada não foi muito confusa, mas nem por isso deixou de ter emoções. Que ficaram a cargo de Alonso. A princípio, parecia um início espetacular do espanhol, que foi mais rápido do que Vettel, pole, e Webber, colocou do lado e contornou a primeira curva na liderança. O alemão da Red Bull começou muito mal e foi também foi superado pelo seu companheiro de equipe.
Além dos três, Rosberg, Button, Hamilton, Massa, Schumacher, Adrian Sutil e Barrichello completavam a lista dos dez primeiros.Depois das primeiras curvas, houve o primeiro incidente. Vitantonio Liuzzi rodou sozinho e atingiu Sébastian Buemi. O acidente também envolveu Kamui Kobayashi. Fim de prova para os três. Não é a primeira vez em que uma grande colisão tira o suíço e o japonês de uma etapa. Na Austrália, outra corrida maluca, as diferenças foram que quem provocou a colisão foi o nipônico e que o terceiro envolvido foi Nico Hülkenberg. O helvético, coitado, sempre é a vítima da história.Com isso, o safety-car foi acionado pela primeira vez no dia. Nessa hora, começou a primeira correria nos boxes. Aliás, os mecânicos que trocam pneus e outras peças do carro tiveram trabalho quadruplicado na tarde de domingo na China. Para se ter uma ideia, houve 68 paradas. Os recordistas foram Hülkenberg e Jaime Alguersuari, com seis para cada um.
Na primeira janela, a intenção era botar pneus intermediários, já que tinha dado para sentir que a pista estava levemente úmida, devido à garoa de antes da largada. Quase todos pararam, mas seis pilotos resolveram arriscar e manter os slicks: Rosberg, Button, Kubica, Petrov, Pedro de la Rosa e Heikki Kovalainen.A corrida recomeçou na quarta volta, e a expectativa era para saber se a aposta dos pilotos que não pararam tinha sido acertada. Rosberg passou para a liderança, que parecia irreal, já que não se sabia se ele teria de mudar para os intermediários. Do grupo que foi aos boxes, o melhor era Alonso. Mas seria por pouco tempo.Ficou provado que aquela largada espetacular tinha sido fruto de uma irregularidade. O piloto da Ferrari queimou, saindo antes de todo mundo. E fez isso na frente de Charlie Whiting, diretor da prova, que na hora apontou para o carro do asturiano. Foi pego em flagrante. Não teve jeito de escapar de um drive through.Pelo menos, Fernando não precisou se martirizar por perder a liderança, já que a aposta de Rosberg e cia se mostrou muito acertada. Não choveu, a pista não molhou mais. Melhor para Nico (estratégia é com Ross Brawn), Button (de novo apostando tudo em uma tática oposta aos rivais), Kubica e Petrov (como de costume em 2010, a Renault surpreendendo sem fazer alarde).Todo mundo que estava de intermediário teve de voltar para colocar slicks. O primeiro a fazer isso foi Schumacher. Depois, veio o comboio. Vettel e Hamilton pararam juntos e dividiram a entrada e saída dos boxes de maneira bem agressiva. O alemão levou a melhor e voltou à frente, mas os comissários acharam o fato bem estranho e comunicaram que iriam avaliar o caso depois do GP. No fim, foi dada uma reprimenda nos dois, e segue o jogo, como diria o juiz de futebol.Esse pode ter sido o estopim para que Hamilton fizesse mais uma de suas atuações infernais. Enquanto De la Rosa abandonava com mais um motor Ferrari estourado na oitava volta, Lewis aprontava das suas.O inglês aproveitou que Vettel tinha se complicado e viu a porta ser fechada por Sutil, veio por dentro e deixou ambos para trás, em mais uma manobra de encher os olhos neste ano. Essa só foi a primeira de Hamilton. Próxima missão: ir para cima de Schumacher.
Um duelo que muitos esperavam, que colocava frente a frente a velha e a nova guarda da F1. O ímpeto do britânico era maior, que fez o heptacampeão mundial, acostumado a atacar, a ter de se concentrar na defesa. Foram algumas voltas de disputa, até que Lewis, que era o mais rápido do GP naquele momento, superou o maior recordista da categoria.As disputas intermediárias eram mais focalizadas pela televisão. Enquanto isso, sem o olhar das câmeras, Rosberg passeava no primeiro lugar. Porém, assim que a luta pela liderança foi transmitida, o que se viu foi o alemão sendo ultrapassado com facilidade por Button, que, até então, estava 4 segundos atrás. Um replay explicou tudo.Nico escapou, perdeu a vantagem que havia colocado e foi superado pelo melhor equipamento do atual campeão mundial na reta. Isso por volta da 20ª volta, quando o clima voltou a influenciar na corrida. A chuva voltou e um pouco mais forte do que antes. Sentindo que a pista molharia rapidamente, todos foram aos boxes, inclusive os líderes.Durante esse período, Alonso e Massa chegaram juntos à entrada dos pits, com o brasileiro na frente. Só que o espanhol aproveitou um espaço por dentro e deixou o companheiro para trás de forma mais ríspida. Uma manobra de corrida, mas que não vai muito ao encontro do discurso da Ferrari, que evita disputas mais intensas entre seus pilotos.De certa forma, essa janela de paradas não chegou a influenciar o resultado. O que foi determinante para mais uma mexida na história da prova foi a nova entrada do safety-car, na 22ª volta, provavelmente devido a detritos deixados pelo carro de Alguersuari, o que não ficou muito evidente. Seja como for, a vantagem que Button, Rosberg e Kubica tinham dos demais foi para o espaço. E essa foi a senha para um novo show de Hamilton.
Na relargada, no 26º giro, Jenson liderava, seguido por Rosberg, Kubica, Petrov, Schumacher, Webber, Hamilton, Vettel, Sutil, Alonso, Barrichello e Massa. Button ainda provocou uma aglomeração ao diminuir o ritmo antes de a prova recomeçar.Ao completar aquela volta, Hamilton já veio para cima de todo mundo. Sobrou para todos. Webber ousou dividir a pista com o inglês. Foi para fora e perdeu posições. Schumacher foi novamente atacado. E foi novamente ultrapassado pelo jovem piloto da McLaren.Depois, as vítimas foram os representantes da Renault. Mais um duelo entre Hamilton e Petrov, como havia acontecido na Malásia. Dessa vez, o britânico não mudou de linha várias vezes. Entretanto, o fim foi o mesmo: com o russo para trás. Algumas passagens depois, Kubica teve idêntico destino. Assim, Lewis já era o terceiro, e a vitória não era mais um sonho distante.
Com o carro mais rápido naquele instante, não demorou muito para Hamilton encostar em Rosberg e, por conseqüência, Button, que estava logo à frente. Para haver uma disputa entre companheiros de McLaren, era preciso que o alemão fosse superado logo. E para quem tinha deixado até Schumacher para trás, isso poderia ser fichinha. Só que Nico surpreendeu Lewis, se defendeu com extrema categoria e se manteve no segundo lugar. E ali ficaria até uma nova troca de pneus, que se desgastavam com facilidade no traçado chinês. Com o trabalho mais rápido da McLaren, Hamilton conseguiu assumir a vice-liderança da etapa, deixando Rosberg finalmente para trás. Só que Button já havia se distanciado.No pelotão de trás, o que mais existiam eram brigas por posições. Vettel e Webber estiveram em muitas delas, mas não conseguiram passar de meros coadjuvantes na prova, uma surpresa após tamanho domínio no treino de classificação. Massa e Barrichello se cruzaram várias vezes em Xangai. Sutil, Alguersuari e Petrov eram outros que vira e mexe estavam em um salseiro. Algumas vezes ganhavam, em outras, perdiam. Só um foi superado sempre: Schumacher.
O alemão da Mercedes não conseguia resistir à pressão de ninguém. O pupilo Massa bateu o mestre. Até mesmo o estreante Petrov sentiu o gosto de superar o germânico. Sim, o russo vai poder dizer no futuro aos seus netos que, em uma eletrizante corrida na China, conseguiu ultrapassar com certa facilidade o maior campeão da história da F1.Depois de 56 voltas e um caminhão de histórias dentro da pista, Button cruzou a linha de chegada em primeiro, depois de conseguir manter uma vantagem sobre Hamilton, que pagou um preço pelo seu arrojo: os desgastados pneus, que só puderam o levar até o fim da corrida em segundo.Com o resultado final, Button, o único com duas vitórias no ano, assumiu a liderança do campeonato com 60 pontos. O vice-líder agora é Rosberg, que surpreende com sua regularidade e seus 50 pontos. Alonso caiu para terceiro, com 49, empatado com Hamilton. Ambos são seguidos por Vettel, que marcou 45, Massa, com 41, e Kubica, 40. A dobradinha também colocou a McLaren na ponta do Mundial de Construtores, com 109 pontos, 19 a mais do que a Ferrari.


Confira a classificação do campeonato:


Jeson Bouton-Inglaterra-Mc Laren Mercedes-60 pts;
Nico Rosberg-Alemanha-Mercedes-50 pts;
Fernando Alonso-Espanha-Ferrari-49 pts;
Lewis Hamilton-Inglaterra-Mc Laren Mercedes-49 pts;
Sebastian Vettel-Alemanha-Red Bull Renault-45 pts;
Felipe Massa-Brasil-Ferrari-41 pts;
Robert Kubica-Polônia-Renault-40 pts;
Mark Webber-Austrália-Red Bull Renault-28 pts;
Adrian Sutil-Alemanha-Force indian Mercedes-10 pts;
Michael Shumacher-Alemanha-Mercedes-10 pts;
Vitantonio Liuzzi-Itália-Force indian Mercedes-8 pts;
Vitaly Petrov-Rússia-Renault-6 pts;
Rubens Barrichello-Brasil-Willians Cosworth-5 pts;
Jaime Alguersuari-Espanha-Toro Rosso Ferrari-2 pts;
Nico Hulkenberg-Alemanha-Willians Cosworth-1 pt.

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