Nos últimos anos, a necessidade de somar esforços para o desenvolvimento tecnológico dos veículos fez surgir diversas parcerias entre montadoras, mas nenhuma outra nasceu tão grande como a aliança da alemã Volkswagen e da estadunidense Ford, divulgada em Dretoit.
A aliança não nasce como uma operação de salvamento de uma empresa à beira da falência, por parte de outra empresa mais forte, pois a união é uma maneira das empresas se prepararem para enfrentar novos tempos.
A nova parceria junta o grupo Volkswagen, que tem revezado com Toyota o primeiro lugar entre os maiores produtores de veículos, e Ford, na quinta posição, segundo dados de 2017, e isso representa uma produção em torno de 17 milhões de veículos por ano e 842 mil trabalhadores espalhados no mundo. No ano passado, o faturamento da Ford somou US$156 bilhões e o da Volks, EUR230,7 bilhões.
A estratégia da parceria não pode, porém, ser analisada como uma simples soma de valores. Os dois lados deixaram claro, ontem, que não se trata do surgimento de uma nova empresa, por meio de joint venture, ou troca de participações acionárias. É uma aliança voltada ao compartilhamento de custos para desenvolvimento de novos veículos.
O plano começa com picapes e vans na Europa, América Latina e África do Sul, em 2022, e seguirá com sinergias em projetos de carros elétricos e autonômos, além de serviços de mobilidade. Se os planos derem certo, os primeiros resultados de melhoria de eficiência em ambos os lados vão aparecer em 2023.
A aliança será dirigida por um comitê conjunto, liderado pelos presidentes das duas montadoras. Trata-se de um modelo diferente de parcerias como Fiat e Chrysler, na qual a Fiat adquiriu a Chrysler, que estava à beira da falência, ou ainda da Nissan e Mitsubishi com a Renault, pois as duas empresas japonesas estavam em graves dificuldades financeiras quando se juntaram à francesa.
O presidente mundial da VW, Herbert Diess, foi ao salão do automóvel em Detroit, e anunciou planos de investimentos na fábrica do Tenessee.
Com a parceria, a Volks ganha impulso no desenvolvimento de picapes, no qual a Ford é especialista. Já em relação aos automóveis, assunto pouco detalhado ontem, a Ford tende a se beneficiar da ampla linha de modelos da Volks e sua elevada participação nos mercados da Europa e América Latina.
No anúncio de ontem não se falou sobre fechamento de fábricas ou corte de pessoal por conta da parceria. A Ford havia anunciado, na semana passada, drástico plano de enxugamento na Europa.
O compartilhamento de tecnologias da Ford com a Volks trará benefícios em escala e custos sem desrespeitar a identidade das marcas, sendo a hora de busca de outras oportunidades, e uma forma das empresas enfrentarem um momento de transformação profunda.
A nova parceria começou está andando mais rápido do seria possível imaginar, vez que na semana passada, a Ford mostrou, durante a Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia em Las Vegas, um sistema por meio do qual o carro se comunica com outros veículos e o faz parar quando um pedestre atravessa a rua. A tecnologia foi desenvolvida em conjunto com a fabricante de chips Qualcomm e com Audi e Ducati, duas marcas do grupo Volks.
Fonte: https://www.valor.com.br
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