10 de outubro de 2021

Empresa brasileira reforma caminhões usados a diesel e os converte em elétricos.

A parte externa do caminhão não te fará perceber que se trata de um elétrico, pois eles são modelos mais antigos, já rodados e conhecidos, e que durante muitos anos já carregaram um tradicional motor movido a diesel sob a cabine. 

Os e-retrofit, como são chamados pela Eletra, empresa localizada em São Bernardo do Campo/SP, e especializada em veículos pesados elétricos e híbridos, são uma espécie de caminhões e ônibus a diesel reciclados. Não apenas isso: eles são salvos da sucata para virarem elétricos.

A gente pega um veículo [a diesel] que está no final da vida útil, retira toda a parte do motor a combustão dele e faz um novo projeto eletrificado”, explica Fernando Contieri, engenheiro de desenvolvimento da Eletra.

A equação da conversão é realmente básica: sai o motor a diesel e entra o conjunto elétrico. Demais componentes, como suspensões, freios, chassi, entre outros, seguem como nos modelos originais e não são alterados.

Segundo Contieri, os itens citados acima têm manutenção simples e mesmo no fim da vida útil desses veículos pesados, costumam estar em bom estado. “Basta uma manutenção [em caso de problemas]. Já o motor é que fica mais caro para arrumar”, esclarece.

A primeira etapa do processo é o contato da empresa interessada que tem um veículo a diesel e quer fazer a reciclagem. Ela deve esclarecer para a Eletra quais são as necessidades que o caminhão ou ônibus elétrico têm que atender.

A partir daí, a Eletra desenvolve o projeto analisando as necessidades do cliente, com base no peso que o caminhão terá de transportar, as rotas que fará e até a logística disponível para fazer as recargas das baterias.

Existe um estudo sobre a operação do cliente para saber o que ele precisa. Em cima disso, a gente coloca um powertrain elétrico que cumpra a missão que o cliente quer”, completa Fernando.

Com tudo acertado entre o contratante e a Eletra, começa o processo de conversão do caminhão original a diesel saem os seguintes componentes: compressor de ar, motor, alternador, bomba d’água, bomba hidráulica, filtro de combustível, transmissão, tanque de combustível, reservatório de Arla 32 e sistema de exaustão.

No lugar, entram: inversor auxiliar, inversor de tração, ULCP (central eletrônica do caminhão elétrico), conversor DC DC (que controla o fluxo de tensão), ventoinha para arrefecimento do radiador, motor de tração, bomba d’água, conjunto da bomba hidráulica, compressor de ar, transmissão automática e banco de baterias.

Embora a maioria das imagens mostre caminhões da Volkswagen, a Eletra garante que a conversão pode ser feita em modelos de outras marcas, como Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Ford e Iveco

O motor elétrico e o conversor são da Weg, uma empresa nacional de motores e soluções elétricas localizada em Jaraguá do Sul/SC. Ela, inclusive, forneceu o trem de força zero-emissão do primeiro carro forte elétrico do mundo, que pertence à empresa Protege. A Mobiauto já contou os detalhes em outro artigo.

No entanto, toda a parte eletrônica, para fazer os componentes elétricos conversarem entre si, é desenvolvida pela própria Eletra. Já as baterias de íons de lítio são importadas da China.

Detalhe curioso é que os e-retrofit trocam a conhecida assinatura indicativa de potência da cabine por uma nova nomenclatura com adição do “kW”, que é a unidade de medida de potência em sistemas elétricos.

O custo do projeto varia de acordo com a necessidade do cliente e a autonomia que o veículo precisará ter. Como o conjunto de baterias é o elemento mais caro do sistema, acaba ditando boa parte do orçamento.

A Eletra não informou os preços das conversões, afirmando que são “valores variáveis e específicos para cada aplicação”. No entanto, o engenheiro da marca Fernando Contieri explicou que “uma conversão custa em média entre 50% e 60% [do preço] de um caminhão elétrico novo [de mesmo porte].”

Usando como exemplo o VW e-Delivery, versão totalmente elétrica do caminhão leve de entrada da Volkswagen, que parte de R$ 780 mil na configuração 4x2 com capacidade para 11 toneladas, um e-retrofit de mesma proporção custaria, em média, entre R$ 380 mil e R$ 470 mil.  

O engenheiro também afirmou que a demanda pela conversão tem sido grande, não informou quantos projetos estão sendo feitos no momento, mas explicou que a capacidade de produção é de 30 conversões por mês. A Eletra já trabalha com projetos para algumas frotas. Uma delas é a da Ambev, que recentemente converteu dois caminhões a diesel em e-retrofit.

Fonte: https://www.mobiauto.com.br/



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