2 de março de 2017

Carnaval perde credibilidade ao blindar Unidos da Tijuca contra o rebaixamento!

A decisão da Liga Independente das Escolas de Samba de não rebaixar ninguém no carnaval 2017 expõe uma característica da nossa sociedade que estamos querendo deixar pra trás: a tendência a quebrar contratos e desrespeitar as regras

O carnaval faz isso há décadas, e no momento em que o mundo à sua volta mostra sinais de mudança, tem que começar a se adaptar à nova realidade. Não se aceitam mais as decisões tomadas como se a festa fosse comandada por um clube fechado. O público que pagou para assistir e os sambistas que vivem disso o ano inteiro querem ver o regulamento cumprido.

Outro cancelamento de rebaixamento aconteceu em 2011, por conta dos incêndios na Cidade do Samba. Neste caso, fatores externos interferiram na competição. Não foi o que houve no carnaval 2017, quando os responsáveis pelo que aconteceu na pista foram as próprias agremiações. A negligência ou incompetência na construção e na condução dos carros alegóricos, que resultou nos acidentes com vítimas, não foi um desastre natural que eximiria a escola de culpa. O resultado do carnaval seria uma punição (além das outras esferas possíveis) para erros cometidos pela própria agremiação. Como acontece todos os anos.

A decisão de blindar as escolas que cometeram erros em seus desfiles, especialmente por uma delas ser a Unidos da Tijuca, que tem enorme força política, foi um grande erro. O poderio da escola tijucana, refletido na decisão a portas fechadas antes da apuração, também se observou no julgamento: o desfile trágico da escola ganhou absurdos 02 pontos a mais do que o da Paraíso do Tuiuti. Inexplicável, inaceitável, imoral!

No meio disso tudo vale reconhecer o valor da Mocidade Independente, honrou seu nome, e se posicionou contra a virada de mesa.

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