Roberto Ruas: "Estes desenhos publicados na revista francesa foram o motivo do assassinato de seus chargistas. Os muçulmanos exigiram respeito não só à religião deles, mas também às demais. Os franceses ignoraram as ameaças e foram executados. Numa das charges, Maomé aparece como um ator de filme pornô. Na outra, está de quatro. Em outra charge, beija outro homem na boca. Numa delas, o cartunista diz que "o Alcorão é uma merda". Num dos desenhos, Deus aparece sendo penetrado por Jesus Cristo, e este sendo penetrado pelo Espírito Santo.
Nada justifica as mortes dos chargistas e dos policiais, mas eles certamente cavaram a própria sepultura, e ainda levaram outros inocentes com eles, como os policiais pais de família que resistiram ao atentado. Fica a pergunta: o direito de expressão é absoluto? Desrespeitar as religiões das pessoas de forma tão vil deve ser permitido? Em hipótese alguma acho que os cartunistas mereceram o destino que tiveram, mas subestimaram as nefandas consequências por sua suposta liberdade. Tudo muito triste. Os dois lados precisam refletir. A intolerância religiosa precisa acabar, mas a liberdade de imprensa e de expressão também não podem passar por cima do direito de liberdade religiosa e simplesmente vilipendiar as crenças alheias, escondendo-se atrás do humor. Só o respeito gera uma convivência pacífica."
Marcello Muniz: Isso é liberdade de expressão? Temos que refletir antes de praticar qualquer ato, inclusive quando vamos falar sobre o que afeta o outro. Estas publicações são de muito mal gosto, e flagrantemente desrespeitosas e ofensivas, até para mim, que não tenho religião definida, me causa constrangimento e indignação, agora imaginem para os que são diretamente afetados em sua orientação, no seu amor, e infelizmente, no fanatismo! Como se pode achar que o seu direito de se expressar é maior e deve ser soberano sobre os dos outros? Não se pode, pois não é!
A triste, penosa e infeliz consequência vivida pelos franceses é errada, é exagerada, mas, sejamos verdadeiros, era previsível! Eu deixo a pergunta no ar: Será que para os filhos, pais, maridos e esposas dos doze mortos, valeu a pena a ideologia ocidental de liberdade de expressão levada ao extremo? Não podemos ignorar que para toda ação tem uma reação, que as vezes tarda, mas não falha, é a uma lei natural da humanidade, e que em alguns casos a reação é maior e mais forte do que a ação! O crime cometido pelos fanáticos seguidores religiosos não merece ser perdoado, é fato, mas combateram um incessante bullying religioso, que não é ilegal, mas sem dúvida nenhuma, é imoral!
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