9 de setembro de 2009

Brasil já sabe como fazer a bomba atômica

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado deve convocar os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, para explicar o choque entre o governo brasileiro e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por causa da pesquisa sobre explosivos nucleares feita pelo físico Dalton Girão Barroso.A informação é do presidente da comissão, Eduardo Azeredo (PSDB-MG).Conforme o Jornal do Brasil revelou ontem, o trabalho do pesquisador – apresentado como tese de doutorado no Instituto Militar de Engenharia do Exército – mostra que o país já domina o conhecimento e a tecnologia para desenvolver a bomba atômica. A pesquisa despertou a reação da AIEA e dividiu o governo. Outra comissão do Senado, a de Ciência e Tecnologia, deve convidar o pesquisador para explicar detalhes. A revelação preocupou o Greenpeace. A organização não governamental teme que o trabalho reacenda a discussão sobre o país usar o conhecimento nuclear para fins bélicos.Congresso quer ouvir físico e AIEASenado vai pedir detalhes sobre pesquisa mostrando que Brasil já sabe como fazer a bomba atômica ABrO senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado, disse ontem que o órgão vai analisar a hipótese de convocar os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Celso Amorim, das Relações Exteriores, para explicar o choque entre o governo brasileiro e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por causa da pesquisa sobre explosivos nucleares feita pelo físico Dalton Girão Ellery Barroso.A tese de doutorado de Barroso, defendida no Instituto Militar de Engenharia (IME) do Exército, aponta que o Brasil já domina o conhecimento e a tecnologia para, se quisesse, devolver o bomba atômica.Revelada com exclusividade pelo Jornal do Brasil, a pesquisa Simulação numérica de detonações termonucleares em meios híbridos de fissãofusão implodidos pela radiação foi publicada por Barroso no livro Fí sica dos explosivos nucleares, que despertou a reação da AIEA e provocou um choque dentro do governo.O físico desvendou a figura atômica de uma das ogivas nucleares americanas, a W-87.– É um assunto da maior relevância e nós precisamos debater com clareza e transparências – afirmou o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), vice-presidente da comissão.Ele disse que vai conversar com Azeredo e deverá propor, depois do feriado de 7 de Setembro, uma convocação conjunta do físico Dalton Barroso pela CRE e pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Ele acha que o Congresso deve ouvir também os ministros e representantes da AIEA.– Não deve haver tabu – disse Mesquita.Segundo o senador, o Congresso deve conhecer em detalhes o que há de novo nas áreas de ciência e tecnologia envolvendo energia nuclear para e valorizar os cientistas. Ele acha que o Brasil deve estimular as pesquisas para fins pacíficos Azaredo afirmou que a posição do ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantindo a publicação da pesquisa e refutando a interferência da AIEA, satisfaz a expectativa do Congresso e reflete o amadurecimento democrático do Brasil para lidar com a questão nuclear. O senador acha que o Brasil não pode abrir mão do conhecimento e da tecnologia, mas deve direcionar os avanços científicos para fins pacíficos.
Lembra que debate sobre energia nuclear torna-se necessário diante da possibilidade de investimentos do governo para conclusão da usina Angra III, cujo funcionamento deve permitir avanços na geração de energia elétrica, medicina e outras áreas estratégicas. As dúvidas da AIEA, segundo Azeredo, podem ser justificáveis mas não devem inibir o domínio brasileiro sobre o conhecimento.– Eu chamaria os dois lados para ouvir as posições – diz o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), titular da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, um pacifista favorável a que o Brasil domine a energia nuclear para fins pacíficos.Membro da mesma comissão, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) acha que o Congresso deveria dar o suporte político para que as Forças Armadas possam desenvolver os arsenais militares, como fazem países como o Paquistão.Em carta encaminhada a Amorim, respondendo os questionamentos da entidade internacional, o ministro da Defesa afirma que a publicação do livro é uma prova eloqüente de que o Brasil não desenvolve programa nuclear não autorizado.Jobim considera descabidas as suspeitas levantadas pela AIEA, sustenta que o país não realiza experimentos e, no final, banca integralmente a pesquisa de Barroso como um trabalho de natureza acadêmica.Na entrevista ao JB, Barroso diz que a conclusão de sua pesquisa ajuda o Brasil avançar no domínio dos explosivos nucleares.

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