23 de fevereiro de 2013

Carros para sempre: Chevrolet Kadett.

Fonte: http://carplace.virgula.uol.com.br

Desde o lançamento do Monza sete anos antes, a Chevrolet não apresentava nenhuma novidade de peso. E a tendência do mercado no final da década de 1980 apontava para oshatches médios, carros com bom espaço interno, acabamento refinado, diversos itens de conveniência e motores de maior cilindrada. A Ford já vendia o Escort com sucesso no Brasil, trazendo uma receita de origem europeia. Aproveitando o bom momento do rival, a Chevrolet lançava o Kadett em abril de 1989.
Disponível em três versões de acabamento (SL, SL/E e GS), o modelo era oferecido somente com carroceria de três portas. O design era arrojado e incorporava as ultimas tendências, como vidros do para-brisa e da tampa traseira rentes à lataria, graças ao processo de montagem por colagem – pela primeira vez num veiculo nacional. Mas a principal característica de estilo do Kadett eram as tomadas de ar nas colunas traseiras.


Resultado de imagem para kadett 89
Resultado de imagem para kadett 98 gls
Todas as versões vinham de série com volante regulável, display com luzes de advertência e vidros verdes. Entre os opcionais estavam câmbio automático (só disponível com motor a álcool), ar-condicionado, direção hidráulica, regulagem de altura do banco e da suspensão, rodas de liga e rádio com toca-fitas.
A versão esportiva GS era a mais desejada. Trazia para-choques na cor do carro e saias laterais com desenho próprio, faróis de neblina e luz de neblina traseira inserida no para-choque, saída de ar no capô, rodas com desenho exclusivo, lanternas traseiras frisadas, ponteira dupla de escapamento e um aerofólio traseiro. Em função desta peça, o limpador traseiro era fixado no próprio vidro, outra solução inovadora na época. Tanto que as campanhas publicitárias do modelo falavam em “o carro da próxima década”.


Resultado de imagem para kadett gs 89
Resultado de imagem para kadett gs 89
O Kadett nasceu com duas opções de motor: 1.8 de 95 cv a gasolina ou álcool e o 2.0 a álcool, que rendia 110 cv, exclusivo da versão GS. A suspensão tinha ajuste de altura na traseira através de bombas de ar nos amortecedores. Era necessário apenas calibrá-los para nivelar a altura da traseira de acordo com o peso que estivesse sendo transportado – mais uma exclusividade que só o Kadett oferecia.

O interior era familiar para quem já tinha um Monza na garagem. Mas o desenho do painel acoplava novas soluções, como computador de bordo e sistema de verificação (check-control). O GS recebia ainda bancos Recaro, painel com grafismo vermelho e volante de três raios com pegada mais esportiva.



Resultado de imagem para kadett 89
Ainda em 1989 surgia a primeira variante do Kadett, a station-wagon Ipanema. Ela vinha disputar espaço com as já consagradas Volkswagen Parati, Fiat Elba e Ford Belina. Mantendo boa parte do desenho do hatch (inclusive as duas portas), a Ipanema se mostrava preocupada com a aerodinâmica, usando os vidros rentes à carroceria, mas deixava de lado a harmonia das linhas. Boa parte das críticas ficaram para o desenho da tampa traseira, que parecia ter sofrido um corte. Mas o porta-malas era bom: 424 litros. Oferecida em duas versões (SL e SL/E), a Ipanema seguia à risca o que era ofertado no Kadett em termos de equipamentos.


Resultado de imagem para kadett ipanema 89
Com a Copa do Mundo de Futebol na Itália, em 1990, a Chevrolet apresentou a série especial Kadett Turim, montada sobre a versão GS com preço próximo ao da SL/E. A série vinha com bancos Recaro de tecido preto, aerofólio traseiro sem o limpador no vidro, rodas de alumínio da versão SL/E e pintura em preto fosco nas laterais inferiores. No mesmo ano chegava o tão desejado teto-solar, como opcional para as versões SL/E e GS.
O ano de 1992 revelaria boas novidades para toda a linha. Com a nova lei de poluentes, conhecida como Proconve, a Chevrolet abandonava o carburador na linha Monza e Kadett, e anunciava a chegada da injeção eletrônica monoponto digital, fazendo com que os propulsores ganhassem cerca de três a quatro cavalos de potencia. A versão esportiva recebia nova denominação, agora GSi, devido à injeção multiponto analógica no motor 2.0, que agora obtinha 121 cv e 17,6 kgfm de torque. A mudança foi acompanhada de um retoque visual, com luzes de direção dianteiras incolores (antes eram laranja), tampa traseira sem a faixa preta característica, antena no teto, novas faixas decorativas e rodas com novo desenho. O painel ganhava mostradores digitais e o encosto de cabeça passava a ser vazado.
Nesse mesmo ano estreava a versão mais exclusiva do Kadett, a GSi conversível – um verdadeiro sonho de consumo da época, ao lado do Escort XR-3 também sem capota. O Chevrolet conversível era fabricado em parceria com o estúdio de design italiano Bertone, o que levava a uma logística complicada. As estruturas metálicas eram montadas na fábrica da GM e então enviadas para a Itália, onde os “carrozziere” davam a forma de conversível ao Kadett. Depois desse processo, a carroceria voltava ao Brasil para receber a mecânica, a pintura, o acabamento e a capota. Todo esse processo demorava cerca de seis meses.


Resultado de imagem para kadett gsi conversivel
Resultado de imagem para kadett gsi conversivel
Resultado de imagem para kadett gsi conversivel
A capota tinha acionamento manual e, quando baixada, revelava as belas linhas pinceladas por Bertone, tornando o Kadett conversível um dos automóveis mais belos do mercado nacional. Nas concessionárias era possível adquirir o sistema elétrico de acionamento da capota, originário da Itália. Esse acessório era tão caro (cerca de US$ 4 mil) que se ele fosse danificado as seguradoras avaliavam o carro como perda total, preferindo pagar o valor total do veículo ao ter que mandá-lo de volta à Itália para fazer o reparo na capota. Em 1993 a capota elétrica passou a constar na lista de equipamentos do Kadett, mas rodar com um GSi conversível custava caro: cerca de Cr$ 612 435 000, o equivalente hoje a R$ 188 mil reais.
No mesmo ano, chegava a opção quatro portas para a Ipanema e o propulsor 2.0 EFI de 110 cv a álcool. As portas extras fizeram bem à perua, que logo teve uma alta nas vendas, mas ela nunca chegou a ser uma campeã de audiência.
Resultado de imagem para ipanema 4 portas
Resultado de imagem para ipanema 4 portas

Em 1995 a linha Kadett recebia novo painel de instrumentos, comandos dos vidros elétricos nas portas e um novo alarme acionado pela chave (sem a necessidade de passar o imã junto ao para-brisa para ativá-lo). As versões traziam nova nomenclatura, passando de SL e SL/E para GL e GLS. O GSi permanecia só até dezembro, quando a Chevrolet descontinuou o esportivo para dar lugar ao Astra GLS importado da Bélgica. Graças à queda da alíquota de importação, foi possível importar o modelo com preço competitivo nas versões hatch e perua.
Mas em fevereiro de 1996 as regras para importação mudaram novamente, com o imposto subindo de 20% para 70% e tornando inviável importar o Astra a preços condizentes. Para não perder mercado, em cerca de dois meses a Chevrolet apresentou uma nova versão para o Kadett, denominada Sport, que vinha com motor 2.0, para-choques na cor do carro e detalhes da extinta versão GSi.
Ainda 1996 o Kadett passaria por uma reestilização que o deixaria mais próximo aos modelos da Opel. Os para-choques ganhavam novo desenho, mais arredondado e com pintura na cor da carroceria em todas as versões, além de nova grade dianteira e lanternas traseiras fumê. Mesmo assim, o Chevrolet se mostrava ultrapassado diante da concorrência. A nova geração do Escort já estava nas lojas, a Volkswagen trazia o Golf do México e a Fiat estava iniciando a produção do Tipo em Minas Gerais. Com baixas vendas, a Ipanema foi descontinuada em 1997, enquanto o Kadett passava a oferecer o motor 2.0 com 110 cv para todas as versões.

Resultado de imagem para kadett 98 gls
Resultado de imagem para kadett 98 gls

Em abril do mesmo ano a versão GLS voltava à gama com um novo cambio de relações mais curtas, vindo do Vectra, que não condizia com o motor de alto torque. O desempenho continuava ótimo, mas o nível de ruído incomodava em rodovias. Em seu último ano de produção, o Kadett era oferecido somente versão GLS, até dar lugar à nova geração do Astra em 1998.

Nenhum comentário: