4 de fevereiro de 2013

Nigel Mansell critica batidas propositais na F-1.


Fonte: http://sportv.globo.com
Quem acompanhou a Fórmula 1 na década de 1980 sabe que a rivalidade entre Nelson Piquet e Nigel Mansell foi intensa, dentro e fora das pistas. Pressão psicológica, artimanhas mecânicas, duelos antológicos em disputas por posição. Porém, o chamado “jogo sujo” nunca fez parte do estilo de pilotagem do brasileiro e nem do inglês. Quem garante isso é o próprio Mansell, que participou de uma edição especial do “Linha e Chegada” ao lado do ex-companheiro. Campeão mundial em 1992 e vice em outras três ocasiões (1986, 1987 e 1991), o ex-piloto fez duras críticas a alguns de seus contemporâneos na Fórmula 1 (assista à entrevista completa no vídeo ao lado).
- Não quero citar nomes, e não quero incluir o Nelson nisso, mas existem grandes pilotos que venceram campeonatos colidindo com os adversários. Nós nunca fizemos isso, em nenhuma ocasião. Fiquei em segundo em três campeonatos, ou seja, poderia ter sido tetra se eu tivesse pilotado de outro jeito. Mas o que venci foi conquistado com espírito esportivo e fico muito orgulhoso da reputação que construí mundialmente – disse o britânico, que viu de perto algumas decisões marcadas por acidentes propositais.
Em 1980, ano da estreia do inglês na Fórmula 1, Nelson Piquet perdeu o título ao ser espremido pelo australiano Alan Jones na largada da penúltima etapa, no Canadá, em uma manobra que provocou um enorme acidente. Em 1989, foi a vez de o francês Alain Prost tirar Ayrton Senna do GP do Japão para garantir o primeiro lugar no campeonato. No ano seguinte, também no Japão, o brasileiro deu o troco, e tirou Prost da corrida ainda na largada, sagrando-se campeão.
Já a corrida que marcou a última vitória de Mansell na categoria, o GP da Austrália de 1994, foi o cenário da controversa decisão entre Damon Hill e Michael Schumacher. Líder da prova, o alemão saiu da pista e bateu, mas voltou ao traçado apenas para colidir com o inglês, que foi forçado a abandonar a corrida e assim perdeu o título para Schumi. O alemão tentaria algo semelhante na tentativa de evitar uma ultrapassagem do canadense Jacques Villeneuve no decisivo GP da Europa de 1997, mas acabou levando a pior. Ficou sem o título e ganhou de vez a fama de “Dick Vigarista”, mesmo encerrando a carreira com sete títulos no currículo.
Outra característica da Fórmula 1 nas últimas duas décadas, o jogo de equipe foi mencionado por Piquet na entrevista ao “Linha de Chegada”. Para o brasileiro, as manobras de troca de posição como as que a Ferrari ordenou entre Felipe Massa e Fernando Alonso em 2010 e 2012 são justificáveis quando só há um competidor com chances de título. Mas o tricampeão ressalta que, no caso dos duelos internos da Williams nos tempos em que foi companheiro de Mansell, a coisa era diferente.
- Isso (as manobras da Ferrari) não faz muita diferença no campeonato. Um estava na briga pelo título, o outro estava fora. No esporte de hoje, entendo quando um deixa o outro passar para que ele vença o campeonato. Mas foi diferente no nosso caso. Só nós dois disputávamos o título, ninguém mais tinha chance de vencer – frisa Nelson.
Contratado pela Williams em 1986 com o status de primeiro piloto, o brasileiro enfrentou dificuldades dentro do time, que vivia uma crise de gerenciamento devido ao acidente rodoviário que deixou seu fundador Frank Williams paraplégico, fazendo com que a equipe favorecesse Mansell. “Malandro”, na definição do velho rival, Piquet criou uma divisão na Williams para esconder alguns dados de Mansell, que admite guardar certo ressentimento com os engenheiros daquela época.
- Às vezes surgem desafios no caminho que não deveriam existir. Nelson tinha todo o direto de fazer o que bem entendesse como piloto. Mas os engenheiros da equipe deveriam ser mais transparentes. Surgiram problemas ocasionais, em que um engenheiro não dizia a verdade. Acho que isso não era muito útil, afinal eu era piloto e corria pelo time – alfineta o inglês.

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