Adoro o carnaval, e mais do que isto, curto com extrema intensidade o desfile das escolas de samba da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, simplesmente o maior espetáculo da terra.
Passei a curtir e acompanhar os desfiles a partir de 1986, acompanhando a minha avó materna, que também gostava muito deste espetáculo, e neste ano, homenageando Caymmi, a grande Mangueira sagrou-se campeã, talvez aí tenha nascido a minha paixão pela Estação Primeira.
Portanto, está claro que sou mangueirense até morrer, mas este ano, além de torcer pelo décimo oitavo titulo da minha escola, não ficaria tão triste, se perdêssemos o campeonato desse ano para a nossa arque-rival Portela.
A tradicionalíssima agremiação de Madureira vem combalida nos últimos anos, e só tem escapado do rebaixamento por seu fortíssimo nome no mundo do samba.
Mas este ano tudo promete ser diferente, pois a Portela tem, irrefutavelmente, o melhor samba enredo do ano, o mais forte, o mais emocionante, o mais contagiante, ou seja, o samba que a Avenida Marquês de Sapucaí vai cantar a plenos pulmões.
Vejo o samba da Portela tão destoante dos demais, que tenho certeza que o mesmo será tão cantado quanto:
Em 1987, o da Mangueira, grande campeão homenageando Carlos Drumond de Andrade e o do Império Serrano, “Quem não se comunica...”;
Em 1988, o campeão da Vila Isabel, “Kizomba...” o da Mangueira, sobre a escravidão e o samba da União da Ilha, “Aquarilha do Brasil”;
Em 1989 o antológico “Liberdade, liberdade...” da Imperatriz, o da Beija-Flôr, “Ratos e urubus..., e o inesquecível samba da União da Ilha, “Festa profana”;
Em 1990 o campeão da Mocidade, “Vira virou...” e “Todo mundo nasceu nu” da Beija-flôr;
Em 1991 novamente o campeão da Mocidade, “Chuê chua...”, e o Salgueiro com a homenagem a Rua do Ouvidor;
Em 1992 mais uma vez a Mocidade fez um grande samba, mais desta vez não levou o campeonato, com “Sonha não custa nada...”, o Salgueiro também teve um belíssimo samba “Soca no pilão...”, e muitos não gostam, mas a “Paulicéia desvairada” foi um grande samba do Estácio de Sá, e que foi muito cantado na Sapucaí.
Em 1993 só deu o Ita do Salgueiro;
Em 1994 o grande samba era o da Mangueira, sobre os novos baianos, mas houve algo de podre no Reino da Dinamarca, o Salgueiro também tinha um belo samba que homenageava o Rio de Janeiro, assim como a Tradição, “...vou voar de asa detal...”;
Em 1995 a Portela também teve um bom samba e foi vice com “Gosto que me enrosco”;
Em 1996, os melhores sambas eram o da estreante Porto da Pedra, “Um carnaval dos carnavais”, e “Veras que um filho teu não foge a luta” do Império Serrano, mas apesar de eu não gostar, “A mão que faz a bomba...”, da Mocidade foi muito cantado e acabou sagrando-se campeão;
Em 1997 tivemos “Trevas, luz...” da campeã Viradouro, e mais uma vez a Porto da Pedra surpreendeu com uma loucura geral;
Em 1998 as campeãs conjuntas, Mangueira e Beija-Flôr tiveram belos sambas, assim como o “Orpheu...” da Viradouro;
Em 1999 não podemos ignorar “O século do samba”, da Mangueira;
Em 2001 o samba do ano foi o da Tradição, homenageando Silvio Santos;
Em 2002 foi o samba campeão da Mangueira, sobre o Nordeste, o samba do ano;
Em 2003 tivemos os sambas do Salgueiro sobre seu próprio o aniversário, o samba campeão da Beija-Flôr que não pode ser ignorado, assim como o “Quem plantar a paz...” da Mangueira, como os melhores sambas desse ano;
Em 2004 a Beija-Flôr fez um belo samba sobre a Amazônia;
Em 2005 tivemos o bom samba da Unidos da Tijuca, “Entrou por um lado, saiu pelo outro...” e o belíssimo samba da Imperatiz Leopoldinense, “Uma delirante confusão fabulística”;
Em 2006 tivemos o grande samba campeão da Vila Isabel, “Soy loco por ti América..”, e o vice da Grande Rio sobre a Amazônia;
Em 2008 o samba do Salgueiro sobre o Rio de Janeiro foi o melhor;
Em 2010 houve o antológico samba da Vila Isabel, sobre Noel Rosa, o grande samba sobre o segredo, da Unidos da Tijuca, o alegríssimo samba da Grande Rio sobre a historia da Sapucaí e o bom samba da Mangueira, sobre a música;
Em 2011 tivemos uma grande comoção com o Rei Roberto Carlos e o título mais antecedentemente anunciado dos últimos anos, da Beija-Flôr, e o belo samba da Mangueira em homenagem ao Nelson do Cavaquinho;
Deixei de citar as reedições por ser uma verdadeira covardia com os sambas atuais.
Sei que alguns bons sambas podem não ter sido citados, mas a minha intenção não é ser injusto com ninguém, apenas reflete a minha humilde opinião.
Vamos curtir o carnaval, pois “... o rei mandou cair dentro da folia, e lá vou eu...”, que vença a melhor, mas estou torcendo para a Mangueira e como já disse, excepcionalmente neste ano, também para a Portela sair de seu logo jejum!
Por: Marcello Muniz
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