A Chery tem planos ambiciosos no Brasil. Com a instalação da fábrica em Jacareí (SP) a partir de 2014, a marca pretende produzir um carro compacto inédito (projeto S15), além dos modelos que vão suceder a dupla Celer (hatch e sedã) e posteriormente um SUV completamente novo. Por ora, a marca lança o Tiggo reestilizado, que chega importado do Uruguai com a meta de vender 3.500 unidades até o fim do ano.
Primeiro modelo da Chery no Brasil, o Tiggo chegou em 2009 e vendeu 10 mil unidades desde então. Ele representa 22% das vendas da marca no país e mostra a importância do segmento de SUVs compactos. Mas, falando da reestilização, pode-se afirmar sem medo que o Tiggo evoluiu. Externamente, a mudança mais evidente é a nova frente, com faróis redesenhados (agora com LEDs), bem como a grade com a identidade atual da marca e a entrada de ar maior. Além disso, há novas rodas de liga leve aro 16″ e frisos laterais. Na parte traseira, temos nova capa do estepe, lanternas redesenhadas e luzes de neblina em posição inferior.
Mas o destaque, mesmo, fica por conta do interior. Esqueça aquela impressão de carro de baixa qualidade, com peças que se soltam e rebarbas por toda a parte. O novo Tiggo apresenta uma cabine digna de nota. Peças de boa qualidade, encaixes corretos, novo painel de instrumentos (com um grande display ao centro que permite ótima leitura), novo console central e volante multifuncional. Isso sem contar que o ambiente interno ficou muito mais agradável aos olhos.
Medindo 4,39 metros de comprimento e com entre-eixos de 2,51 m, o Tiggo tem espaço interno suficiente, e dois adultos mais uma criança não sofrem no banco traseiro. O porta-malas comporta bons 435 litros, e pode ser ampliado para 494 litros ao se retirar a cobertura do compartimento.
O SUV vem equipado com o mesmo motor 2.0 16V ACTECO a gasolina, que sofreu pequenas modificações e entrega 138 cv de potência e 18,2 kgfm de torque máximo. Não são números formidáveis para um 2.0, mas, em matéria de preço, acaba que o Tiggo concorre com os SUVs equipados com motores 1.6 de potência e torque inferiores – e aí o chinês se destaca. O curioso é que a Chery divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 15 segundos e velocidade máxima de 170 km/h, números modestos em nossa opinião, pelo menos em relação a aceleração.
A posição de dirigir é elevada e a visibilidade é boa, algo esperado nesse tipo de carro. A ergonomia agrada, com os comandos nos seus devidos lugares, ajuste de altura do banco e dos ajuste elétrico dos faróis. Destaque para o retrovisor interno que possui um display que mostra as informações da bússola, altitude e pressão atmosférica.
Como nosso contato com o Chery Tiggo foi dentro de um kartódromo, as impressões ficaram um pouco limitadas. De qualquer forma, o Tiggo foi bem nas curvas, e inclinou carroceria menos do que o esperado para esse tipo de carro. Quem sentou no banco de trás também não sofreu durante as curvas e irregularidades – tudo isso graças à suspensão traseira independente multi-link com acerto macio. De acordo com a marca, nos trajetos off-road o destaque fica a altura do solo de 190 mm e para os ângulos de entrada e saída, de 28 e 29 graus, respectivamente.
De forma geral, o Tiggo agrada ao volante: os engates do câmbio são bons, a embreagem bem dosada e o desempenho satisfatório – só o nível de ruído é que poderia ser um pouco menor. Podemos dizer que esse primeiro contato deixou boas impressões, mostrando claramente a evolução do modelo.
Por R$ 51.990, o Tiggo se insere entre o Ford EcoSport e o Renault Duster – além de bater de frente com o também chinês Lifan X60, de R$ 52.777. Nesse preço ele vem com freios ABS, duplo airbag, ar-condicionado, conjunto elétrico, sistema de som com entrada USB, ajuste elétrico dos faróis, rodas de liga leve aro 16″ e sensor de ré com display de distância entre outros. A garantia é de cinco anos sem limite de quilometragem.
Com novo visual, ambiente interno mais digno, suspensão multi-link, bom pacote de equipamentos e conforto ao rodar, o Chery Tiggo tem seus atrativos. Porém, em nosso mercado, faz falta não ser bicombustível (a marca afirma que o motor 2.0 flex está em desenvolvimento) e não possuir uma versão automática, algo fora de cogitação ao menos por enquanto. Com a reestilização, o Tiggo deve ficar no mercado algo entre dois ou três anos. Depois, chega o completamente novo Tiggo 5, que em breve estará nas ruas chinesas. Se isso não for um problema, o Tiggo passa a ser uma opção a se considerar.
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