Fonte: www.g1.com.br
Depois de 15 anos de negociações, o governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira (18) a compra de 36 caças supersônicos do modelo sueco Gripen,
que farão parte da frota da Força Aérea Brasileira (FAB). De acordo com
a Aeronáutica, o preço total da aquisição será de US$ 4,5 bilhões, a
serem pagos até 2023.
Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, que fez o anúncio, a decisão
"foi objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas". Outras duas
empresas – a norte-americana Boeing e a francesa Dassault – disputavam
com a Saab, fabricante do Gripen, o fornecimento dos caças ao Brasil.
"A escolha, que todos sabem, foi objeto de estudos e ponderação muito
cuidadosa, levou em conta performance, transferência efetiva de
tecnologia e custo, não só de aquisição, mas de manutenção. A escolha se
baseou no melhor equilíbrio desses três fatores", afirmou o ministro da
Defesa, Celso Amorim.
Segundo o ministro, a aquisição dos caças não terá "nenhuma implicação"
no orçamento da União de 2013 nem no de 2014. Segundo ele, a etapa de
discussão do contrato pode demorar entre 10 e 12 meses, e a
transferência dos recursos para a empresa sueca só será feita após essa
etapa. "[A negociação do contrato] é algo demorado. Implica garantias
contratuais de que aquilo que foi ofertado efetivamente ocorrerá",
justificou Amorim. Segundo a assessoria de imprensa da Aeronáutica,
ainda será negociado no contrato quando será feito o primeiro pagamento.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, informou que os
primeiros aviões chegarão 48 meses depois da assinatura do contrato,
prevista para o final de 2014. Assim, o Brasil deverá começará a receber
as aeronaves a partir de 2018. Segundo Saito, serão entregues 12 aviões
por ano.
Saito disse que a transferência de tecnologia será completa e feita
diretamente à Embraer, que participará da montagem das aeronaves.
"Quando terminar o desenvolvimento, nós teremos propriedade intelectual
desse avião, isto é, acesso a tudo", disse Saito. Segundo ele, a
brasileira Embraer e a Saab vão atuar em conjunto na transferência de
tecnologia e na produção do caça. Segundo ele, outras empresas poderão,
posteriormente, participar do projeto.
O comandante da Aeronáutica informou que 80% da estrutura do avião será
construída no Brasil. As asas, por exemplo, já estão sendo produzida por
uma empresa de São José dos Campos e, segundo o comandante, já com
padrão supersônico. Segundo ele, serão mais de 15 empresas envolvidas.
Saito esclareceu também que os US$ 4,5 bilhões equivalem a proposta
feita pela empresa sueca, mas que, durante a negociação do contrato, o
valor pode ser revisto. "Nós vamos pechinchar ao máximo".
Ele contou que a presidente Dilma Rousseff o informou da escolha
somente na terça-feira (17).
"Presidenta, muito obrigado. Eu acho que a
Força Aérea e o Brasil ganharam muito com isso", ele relatou ter dito à
Dilma quando recebeu a notícia. Ele contou que participa do processo de
escolha dos caças desde 1995. "Estou muito feliz de ter perseguido esse
objetivo", disse. Segundo ele, todas as empresas foram avisadas ao mesmo
tempo da escolha.
O ministro Celso Amorim disse que, com a decisão do governo, "em
breve, teremos aviões à altura da necessidade de defesa do país". O
ministro ressaltou – dentro do acordo de transferência de tecnologia – a
abertura do código-fonte de armas, que, segundo ele, permitirá
adicionar ao avião armamentos brasileiros.
De acordo com o brigadeiro Marcelo Damasceno, chefe da comunicação
social da Aeronáutica, os caças Gripen “vão atender às necessidades
operacionais da FAB pelos próximos 30 anos”.
Segundo ele, as aeronaves ajudarão na defesa aérea do Brasil e serão
capazes de promover ataques no solo e no mar. “Ele [o Gripen] permitirá à
FAB enfrentar ameaças em qualquer ponto do território nacional com
carga plena de armas. O conjunto de conhecimentos e capacitação
tecnológicos contribuirá para que a indústria nacional se capacite para a
produção de caças de última geração em médio e longo prazo”, disse
Damasceno.
Em entrevista ao Jornal da Globo, em 2009, o presidente-executivo da
Saab, Äke Svensson, explicou porque, para ele, o Gripen é o melhor caça
para o Brasil. "Na comparação com os concorrentes, é o mais barato, tem o
armamento mais completo, os sistema de controle, detecção e combate
mais avançados e – o que só ele faz – pousa até num pedaço de estrada
qualquer, de 500 metros, se for preciso", disse.
Celso Amorim
afirmou que o governo brasileiro tentará, na negociação do contrato
final, obter da Suécia o máximo de transferência de conhecimento
tecnológico. “Há uma disposição efetiva de transferir essa tecnologia”,
afirmou.
Amorim foi questionado sobre o fato de a turbina do avião Gripen ser
produzida nos Estados Unidos. Como o contrato é feito com a Suécia, essa
parte da tecnologia de produção do avião não passaria ao Brasil. O
ministro destacou que a turbina é “importante”, mas não é o “coração” da
aeronave.
“Sabemos que a turbina é norte-americana, mas não é tão sensível em
matéria de conhecimento como outras partes do avião. [...] Embora seja
uma parte importante, não é do ponto de vista tecnológico o coração do
avião”, afirmou.
De acordo com o ministro, o fato de o Brasil ter optado por um contrato
com a Suécia não prejudica as relações comerciais com os Estados
Unidos. “Temos uma boa relação com os Estados Unidos. Diariamente
compramos partes para outros aviões. Não há nenhum temor.”
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