Fonte: http://contosdaf1.wordpress.com/
Parafraseando o jingle promocional do célebre filme “Gilda”, nunca houve uma primeira volta na Fórmula 1 como a feita por Rubens Barrichello no GP da Europa de 1993. Disputado em 11 de abril daquele ano, em Donington Park, na Inglaterra, a corrida tratou de eternizar os movimentos de Ayrton Senna pelos primeiros 4.023 metros da prova, em que o brasileiro da McLaren-Ford saltou do quinto para o primeiro lugar num desafiante piso molhado. Um feito condizente com a carreira do legendário piloto, é fato. Todavia, o compatriota do tricampeão fez mais. Em apenas uma volta, o piloto da Jordan-Hart pulou de 12º para uma espetacular quarta posição.
É bem verdade que a volta de Senna foi exaltada porque o tricampeão era um dos protagonistas da categoria à época. Logo, todas as câmeras da transmissão de TV estavam voltadas para Ayrton. Rubens, por sua vez, era um iniciante – estava largando para sua terceira corrida na Fórmula 1. O piloto da Jordan só foi notado quando já alcançava o quarto lugar. Mas bem rapidamente – os holofotes estavam na McLaren de número 8, que rumava para a ponta da prova.
Quando foi visto na volta 1, Barrichello superava Michael Schumacher, da Benetton-Ford. Coincidentemente, o alemão foi um dos pilotos ultrapassados por Senna nos primeiros instantes da disputa de Donington (os outros foram Karl Wendlinger, da Sauber, e Damon Hill e Alain Prost, ambos da Williams-Renault).
Antes de ultrapassar Schumacher, porém, Rubens passou por uma verdadeira epopeia na volta 1 de Donington. Em 12º no grid, ganhou uma posição antes da largada – JJ Lehto, da Sauber, enfrentou problemas e partiu dos boxes. Na pista, o brasileiro começou a brilhar ao superar Johnny Herbert, da Lotus-Ford, e Riccardo Patrese, da Benetton, antes da primeira curva. Em nono, o próximo passo de Barrichello foi se livrar de Gerhard Berger, da Ferrari. No mesmo momento em que Senna ignorava Wendlinger e assumia o terceiro lugar, o piloto da Jordan aparecia em oitavo. Outro ferrarista seria a vítima seguinte de Rubens: Jean Alesi. O francês foi ultrapassado pelo brasileiro sem maiores problemas.
Enquanto Barrichello era sétimo, Senna passava por Hill e se via em segundo. Mas Ayrton não sofreu o susto que Rubens teve na metade da primeira volta. Logo à sua frente, Wendlinger e Michael Andretti, da McLaren, se engalfinharam e foram parar na brita. O piloto da Jordan saiu ileso do incidente. A quinta posição caiu em seu colo. Imediatamente na sequência, Schumacher cometeu um erro e permitiu a aproximação do brasileiro de 20 anos. O bote foi imediato: Barrichello estava em quarto. Senna, por sua vez, ainda era segundo – deixou para ultrapassar Prost na freada do hairpin.
No início da volta 2, Senna liderava, seguido por Prost, Hill e Barrichello. Numa apresentação impressionante na chuva, Rubens pressionava os pilotos da Williams. A partir daí, o resto foi história. Ayrton fez um voo solo, dando um espetáculo à parte. O piloto da Jordan, após andar em segundo, garantia uma incrível terceira posição à frente de Prost. Mas a cinco voltas do final, a bomba de combustível do carro do brasileiro entrou em colapso, obrigando Barrichello a abandonar – e perder um pódio certo.
Rubens ficou no quase pela primeira vez na mais longa carreira já vista na história da Fórmula 1. Sua quebra beneficiou Herbert, que subiu para o quarto lugar (repetindo o feito da etapa anterior, em Interlagos), e Fabrizio Barbazza, da Minardi, que conquistou seu primeiro ponto na carreira com a sexta posição. Ainda assim, o desempenho de Barrichello foi célebre. Tanto que a sua primeira volta de Donington foi uma das mais marcantes da categoria. As imagens pouco contam, mas quem vivenciou, jamais esquece.
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