A recente incursão de aviões militares chineses no Estreito de Taiwan constitui uma “advertência solene” aos Estados Unidos e aos “separatistas” taiwaneses, alertou Pequim nesta quarta-feira (27/01), em um contexto em que a ilha continua sendo um assunto delicado entre a China e o novo governo americano.
13 aviões chineses, incluindo oito bombardeiros e cinco caças, penetraram no sábado e domingo (23 e 24) a área de identificação da defesa aérea de Taiwan, a cerca de 200-250 quilômetros da costa taiwanesa.
Os Estados Unidos garantiram que seu apoio a Taiwan é “sólido como uma rocha” e pediram a Pequim para “encerrar suas pressões militares, diplomáticas e econômicas” sobre a ilha.
“Essas manobras militares no Estreito de Taiwan buscam defender com firmeza nossa soberania”, afirmou nesta quarta-feira Zhu Fenglian, porta-voz do Escritório de Assuntos Taiwaneses, um órgão do governo chinês.
“É uma advertência solene às potências estrangeiras, para que cessem suas interferências, e às forças separatistas taiwanesas, para que cessem suas provocações”, acrescentou.
A China continental (liderada pelo Partido Comunista) e Taiwan (refúgio do Exército nacionalista depois da Guerra Civil chinesa em 1949) são governados há mais de 70 anos por dois regimes diferentes.
A ilha de 23 milhões de habitantes tem um sistema democrático. Pequim a considera, no entanto, uma província chinesa e ameaça retomá-la à força, em caso de uma proclamação formal de independência, ou de uma intervenção americana.
Embora Washington tenha rompido as relações diplomáticas com Taipei em 1979 para reconhecer Pequim como o único representante oficial da China, mantém uma relação ambígua e continua sendo seu aliado mais poderoso e seu principal provedor de armas.
Os presidentes americanos costumam ser prudentes em sua política com Taiwan para não enfurecer Pequim. Isso mudou, porém, no governo do republicano Donald Trump, que se aproximou mais de Taiwan e se distanciou da China.
O ex-presidente dos EUA Donald Trump reforçou os contatos com Taipei durante sua queda de braço diplomática e comercial com a China.
O gigante asiático mostrou seu desejo de trilhar um novo caminho nas relações bilaterais com o governo Biden. Na quinta-feira, Pequim pediu a Washington que “lide com os problemas relacionados com Taiwan de forma cautelosa e apropriada para evitar prejudicar as relações entre China e Estados Unidos”.
Biden deve manter, no entanto, uma linha dura em relação a Pequim, já que a proteção de Taiwan conta com forte apoio entre democratas e republicanos nos Estados Unidos.
No ano passado, a aviação chinesa 380 vezes na zona de defesa aérea de Taiwan, um recorde, e essa tendência parece continuar após a chegada ao poder do democrata Joe Biden, que, inclusive, convidou a representante taiwanesa nos Estados Unidos para sua posse. Foi a primeira vez desde 1979.
“Não prometemos abandonar o uso da força e nos reservamos a possibilidade de adotar todas as medidas necessárias” contra Taiwan, alertou a porta-voz chinesa.
As relações entre Pequim e Taipei são especialmente tensas desde a chegada ao poder, em 2016, da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, cujo partido milita pela independência da ilha, uma linha vermelha para a China.
Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/
Foto: Reprodução de internet
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