29 de março de 2010

Operação entre Ricardo Eletro e Insinuante cria gigante do setor

Nova gigante varejista quer dobrar fatia de mercado, e o objetivo é ter 15% do mercado nacional em dois anos, fonte: www.g1.com.br
As varejistas Ricardo Eletro e Insinuante anunciaram a fusão das duas empresas nesta segunda-feira (29) como estratégia das duas redes de unir sua experiência de liderar mercados regionais – em Minas Gerais e no Nordeste, respectivamente – para unir forças e fazer frente à gigante formada por Pão de Açúcar e Casas Bahia em 2009. Com a fusão, a nova empresa espera passar, em dois anos, da atual fatia de 8% que as duas companhias detêm do mercado nacional para chegar a 15% em dois anos e ser a segunda maior rede varejista do país.

A união acontece alguns meses após o grupo Pão de Açúcar, líder no varejo do país, ter fechado acordo de compra das Casas Bahia, criando uma rede com pouco mais de mil lojas.
Ricardo Nunes, presidente da Ricardo Eletro, e Luiz Carlos Batista, da Insinuante, que falaram sobre a operação em evento em um hotel em São Paulo, destacaram como principais vantagens da união o fato de as redes serem especializadas em regiões diferentes, e serem muito similares em tamanho.

Além disso, as duas afirmam estarem entrando no negócio sem dívidas e com reservas de caixa.

"A partir desse modelo de negócio ( o da fusão do Pão de Açúcar com a Casas Bahia), surgiu a ideia de ligar para o Luiz (Batista, da Insinuante) e falei: surgiu um caminho para que a gente possa continuar o nosso sonho. Acho que nós temos condição de fazer o mesmo que eles estão fazendo, mas do nosso tamanho", diz.
Segundo Nunes, a união apareceu como alternativa para os empresários, que dizem terem sido alvo de assédio nos últimos tempos por parte de grupos internacionais interessados em comprar as redes. "Tenho o sonho de continuar no meu negócio", afirmou Nunes.
“A grande vantagem é que quase não temos sobreposição de lojas. Isso só acontece no estado da Bahia, onde a Insinuante tem 80 e a Ricardo tem 60 lojas. Mas não devemos fechar nenhuma loja”, disse Nunes. Com relação à Bahia, os executivos apontaram que o mercado do estado comporta as duas varejistas. O objetivo da "Máquina de Vendas", como foi batizada a nova holding, é crescer das atuais 528 lojas para mil pontos de venda em 2014. A estimativa é que o negócio gere um ganho com sinergias de cerca de 3% - aproximadamente R$ 150 milhões. O número de funcionários também deve dobrar, de 15 mil para 30 mil.

A bandeira da Ricardo Eletro predominará nas lojas dos estados do sudeste; já as lojas localizadas no nordeste passarão a ter bandeiras da Insinuante
Os empresários não divulgaram o valor da operação que, segundo eles, foi feita a partir da troca de ativos e passivos das companhias. "Temos a vantagem de sermos uma companhia fechada e não precisamos divulgar todos os números", disse Nunes, que ressaltou que a opção por não relevar dados sobre os passivos

De acordo com Batista, não houve desembolso por parte das empresas e a intenção é que o crescimento da nova rede aconteça por meio de fusões, aquisições e associações com outros grupos. “Estamos muito abertos para associações e fusões, de modo que não dependamos tanto de capital externo”, disse ele. Segundo executivo da Insinuante, a nova empresa deve investir R$ 50 milhões na criação de até 50 lojas em 2010, sendo que cerca de 30 delas deverão ser criadas no Rio de Janeiro, com a bandeira Ricardo Eletro. A rede planeja entrar no mercado na cidade de São Paulo em cerca de um ano e meio, segundo Nunes.

O controle da holding será compartilhado, sendo que cada uma das redes atuais possuirá 50% de participação. Ricardo Nunes, da Ricardo Eletro, será presidente da nova companhia, enquanto Luiz Carlos Batista, da Insinuante, ficará a frente do conselho executivo da holding.

A partir de agora, a holding estará presente nos estados de Minas Gerais, Espírito santo, Goiás, Bahia, Sergipe, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal e do interior de São Paulo.

Segundo Batista, da Insinuante, o novo negócio deve manter o perfil "conservador" de endividamento característico da Insinuante, na relação de nunca ultrapassar o equivalente ao Ebitda - dado que mede o volume do fluxo de caixa.

A ideia da união, segundo os executivos, surgiu depois do anuncio da união do Pão de Açúcar com as Casas Bahia, em dezembro do ano passado. De acordo com Nunes, o anúncio chamou a atenção para uma nova oportunidade de negócio, e fez com ele ligasse para Batista em janeiro para propor o negócio.

Desde então, os dois estiveram “morando juntos” em um apart hotel no Itaim Bibi, em São Paulo, para negociar todos os detalhes da operação. “Desde janeiro, estamos comendo e bebendo essa operação”, diz Nunes.

A negociação, segundo as empresas, tem como objetivo atender ao crescimento do consumo das famílias brasileiras, em especial das classe C e D. A marca Insinuante será a bandeira predominante nas regiões no Nordeste e Norte do país, enquato a Ricardo Eletro será utilizada no Centro-Oeste e no Sudeste. A Ricardo Eletro foi fundada em 1989 e tem cerca de 260 lojas nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal, entre lojas de rua, de shopping e megastore. A companhia tem cinco centros de distribuição. Enquanto isso, a Insinuante começou a operar em 1959 e atualmente possui aproximadamente 220 lojas, em todos estados do Nordeste mais Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Nenhum comentário: