Fonte: http://carplace.virgula.uol.com.br/
Conhecido dos brasileiros desde 1994, o Corsa (que significa corrida em italiano) tem uma história que começa em 1982 na Europa. Criado para ser o carro de entrada da empresa, tarefa até então cumprida pelo Opel Kadett, ele chegava para enfrentar um batalhão de concorrentes que incluía nomes como VW Polo, Ford Fiesta, Fiat Uno e Renault 5.
Sucesso logo nos primeiros anos de vida, o Corsa foi vendido da Europa sob a marca Opel e no Reino Unido como Vauxhall. Após um razoável facelift em 1990, logo começariam os trabalhos para criar a segunda geração do modelo. Para a missão, a GM convocou o designer japonês Hideo Kodama, que apresentou a novidade ao público em 1993.
O novo design surpreendeu ao abandonar completamente as linhas quadradas da primeira geração. Predominavam as formas circulares e ovais, tornando o Corsa um carro bem moderno e diferente. Na época, ele era produzido na Espanha, Portugal e Alemanha, mas passaria a ser feito também na Austrália, Brasil e Colômbia com a chegada da segunda geração.
No Brasil
Logo em março de 1994, menos de um ano após o lançamento na Europa, o Chevrolet Corsa chegava ao Brasil. Com a missão de substituir o velho Chevette Júnior (fracasso de vendas), o carrinho era inovador para os padrões nacionais e causou uma verdadeira revolução no segmento. Da noite para o dia, os concorrentes Uno Mille, Escort Hobby e Gol 1000 ficaram completamente defasados diante da novidade.
Com visual idêntico ao irmão europeu, o Corsa estreava na versão de entrada Wind. Trazia acabamento acima da média, painel de instrumentos moderno, bancos confortáveis e, é claro, o design gracioso que agradou logo de cara. Apesar das qualidades, o Wind era simples e não tinha pintura nos para-choques, tampouco calotas ou frisos laterais.
O conforto de rodagem era destaque, assim como o fato de o Corsa ser primeiro carro popular com injeção eletrônica (o Mille possuía apenas ignição eletrônica). O único porém é que o motor 1.0 litro gerava apenas 50 cv e 7,7 kgfm de torque a 3.200 rpm, que aliado ao câmbio de cinco marchas com a quinta longa (4+E), o deixava bem atrás do Mille em desempenho. Por outro lado, o consumo era ponto forte: em testes de revistas da época, ele chegou a fazer 13 km/l na cidade e até 18 km/l na estrada.
A repercussão do lançamento causou fila de espera recorde e fez com que o carrinho fosse vendido com ágio, saindo por um preço bem mais alto do que os US$ 7.350 (valor tabelado para todos os carros populares da época) fixados pelo acordo entre o governo e as fabricantes. Na época, o então vice-presidente da GM André Beer foi à TV pedir que os consumidores não pagassem ágio e aguardassem pelo aumento da produção para comprar o carro.
Em meados de 1994 chegava a versão GL, que trazia motor 1.4 com 60 cv e 11,1 kgfm de torque. Mais completo, podia vir com vidros e travas elétricas, além do ar-condicionado. Mas a melhor novidade seria mostrada meses depois, no Salão do Automóvel: o esportivo Corsa GSi 16V. Equipado com o moderno motor Ecotec 1.6 16V produzido na Hungria, trazia tecnologias que ainda eram raras no mercado nacional: injeção multiponto sequencial e válvula de recirculação dos gases de escapamento (EGR).
Com potência de 108 cv e torque máximo de 14,8 kgfm, ele levava o Corsa GSi de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e à velocidade máxima de 192 km/h. Números que rivalizam bem com os concorrentes Uno Turbo 1.4 i.e e Gol GTi 2.0. O visual era agressivo e contava com aerofólio, para-choques mais robustos, faróis de neblina, saias laterais e rodas esportivas de três raios com aro 14″. A suspensão também era redimensionada e trazia até amortecedores pressurizados.
A Pick-up Corsa, que tinha entre-eixos mais longo e suspensão traseira específica para este tipo de uso, chegava em 1995. Era oferecida com o motor 1.6 de 79 cv. Pouco depois, o Corsa GL ganhava a aguardada versão quatro portas. O interessante nesta variação é que ela assumia um design distinto do três portas, com lanternas verticais e caída mais reta da traseira, o que garantia mais espaço no porta-malas e um desenho mais harmonioso.
No fim do mesmo ano, era a vez do Corsa Sedan. O destaque era a traseira totalmente desenvolvida pela divisão brasileira da GM, e exclusiva para o nosso mercado. Numa época em que os sedãs compactos ainda não eram sucesso, a versão três volumes do Corsa agradou em cheio, graças também ao design bem equilibrado. O Sedan chegou nas versões GL e GLS com o mesmo motor 1.6 da picape, porém dotado de injeção multiponto, o que elevou a potência para 92 cv e o torque máximo para 13 kgfm a 2.800 rpm. Um dos destaques era a lista de equipamentos que trazia direção hidráulica, ar-condicionado, rodas de liga leve aro 14″ e os freios ABS (apenas na GLS).
Mas a concorrência também se mexia: o Gol havia ganhado uma nova geração, a Ford havia lançado o Fiesta nacional e a Fiat apresentava o Palio, o mais potente entre os carros “mil”, com 61 cv de potência. A partir daí, a receita da GM foi aplicar a injeção multiponto no Wind, elevando a potência para 60 cv. Chegava também o Corsa Super, que podia contar com as quatro portas e uma lista mais completa de equipamentos, além de receber também um câmbio com relações mais curtas. A versão GL abandonava o motor 1.4 e passava a contar com o 1.6 MPi de 92 cv emprestado do Sedan.
No ano de 1997, com o lançamento da variação perua Corsa Wagon, a GM passou a oferecer na versão de topo GLS o motor 1.6 16V de 102 cv, disponível também para o sedã. Já o esportivo GSi foi descontinuado nesse mesmo ano.
No final da década de 1990, as montadoras começaram a apostar suas fichas nos motores 16V para os populares e o 1.0 16V da GM ficava pronto em 1999. Com 68 cv de potência e 9,2 kgfm de torque, ele passou a equipar as versões Super (hatch e sedã). Logo em seguida, a Chevrolet apresentava a linha 2000, que trazia a primeira reestilização do modelo, com para-choques redesenhados (de gosto discutível), lanternas com seção fumê, novos bancos e revestimentos internos, além de nova grafia do painel de instrumentos. A picape ganhava a versão despojada ST e uma variação furgão.
Em 2000, a GM anunciaria o maior recall da indústria nacional, envolvendo mais de 1,2 milhão de Corsas de todas as versões fabricados até 1999, produzidos nas fábricas de São José dos Campos (SP), São Caetano do Sul (SP) e Rosário (Argentina). A convocação aconteceu devido ao risco dos cintos de segurança se soltarem em uma colisão. O reparo consistia em fazer um reforço à ancoragem do mesmo.
Poucos meses depois, a linha ganhava novos faróis de policarbonato e superfície complexa. Outro atração foi a edição Millenium, que fez tanto sucesso que acabou se tornando versão de produção. Os motores 16V foram extintos em 2002, pouco antes da chegada da nova geração, que havia sido apresentada na Europa em 2000.
Com o lançamento do novo Corsa, o carismático “Corsinha”, que provocou uma revolução no segmento dos populares, se despedia do mercado. Ele já vinha gradativamente deixando de ser o carro de entrada da GM desde 2000, missão que passou a ser cumprida pelo despojado Celta, que compartilhava da mesma plataforma. O Corsa Sedan, porém, foi reestilizado e ganhou os equipamentos de segurança exigidos pela lei (ABS e airbags frontais), de modo que segue vivo até hoje na pele no Chevrolet Classic.
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