Fonte: http://carplace.virgula.uol.com.br/
Com a interrupção da importação do Sonic, que tinha pouco mais de dois anos de mercado nacional, a GM do Brasil acumula mais uma baixa entre seus modelos vindos do exterior. Cada qual com seu motivo, quase todos os importados da marca tiveram carreira curta no país, acumulando baixas vendas e o prejuízo de imagem deixado pelos consumidores insatisfeitos ao verem seus carros ainda novos deixarem o catálogo da empresa e amargarem desvalorização acima da média. Afinal, o que aconteceu com esses modelos?
Tudo começou com o Astra no fim de 1994. Diante do sucesso da Fiat com o Tipo importado da Itália, a GM passava a importar o hatch médio da Bélgica (depois a versão Astra SW), trazido exclusivamente com motor 2.0 MPFI de 116 cv na versão GLS. Projeto alemão da Opel, foi elogiado pela imprensa na época, chegando a alcançar boas vendas no início. Tudo corria bem até que uma inesperada mudança política acabou com os planos dos importadores. Da noite para o dia, o Imposto de Importação, que havia caído de 35% para 20% meses antes, saltava para 70%. Diante do golpe, a GM encerrava a importação do Astra em 1996. A saída foi produzir a nova geração do modelo no Brasil, mas isso só em 1998.
De 1994 a 1996 também foi o período em que o esportivo Calibra andou por essas bandas. Versão cupê do Vectra, que era feito no Brasil, o modelo importado da Opel alemã chegava com motor 2.0 16V de 150 cv – o mesmo usado em nosso Vectra GSi. Andava bem, era cheio de estilo e ainda tinha um dos melhores coeficientes aerodinâmicos da época (CX de 0,26, impressionante até hoje), mas foi abatido pelo mesmo problema do Astra. Para piorar era um modelo de mercado restrito e, depois da taxação maior, ficou inviável comercialmente e deixou de ser oferecido por aqui.
Se o Calibra derivava do Vectra, o Tigra vinha do Corsa GSi e estreava no Brasil em 1998 também como importado. Usava a mesma mecânica 1.6 16V de 106 cv e câmbio manual de cinco marchas, mas exibia carroceria cupê bem mais charmosa, com destaque para o vidro traseiro curvado. A questão era o preço, agravado pela desvalorização do Real no começo de 1999. Caro e com baixas vendas, deixou de vir neste mesmo ano.
Outro que dançou conforme as alíquotas de importação foi a primeira geração do Tracker. O jipinho era na verdade um Suzuki Vitara com a gravatinha da Chevrolet (fruto de uma participação que a Chevrolet teve na marca japonesa), fabricado no Japão e montado em esquema de CKD na Argentina. Estreou no Brasil em fevereiro de 2001 com motor Mazda 2.0 a diesel de parcos 87 cv. No ano seguinte recebia um propulsor Peugeot de 108 cv, também 2.0 a diesel, que resolvia as queixas quanto ao desempenho. Assim ficou até 2004, quando a alta do dólar fez parar sua importação após somente 1.812 exemplares vendidos. A GM ainda insistiu no modelo e, em 2006, ele voltou ao mercado brasileiro com motor 2.0 a gasolina de 128 cv. Também não foi longe, durando até 2009. O Tracker que chegou ano passado não tem nada a ver com esse primeiro, aproveitando apenas o nome. Mas dele a gente vai falar mais para a frente.
Antes de chegar nos atuais importados, teve ainda a história do Malibu. Trazido em 2010 para brigar com o Ford Fusion, o sedã grande da GM não se beneficiava pela isenção do Imposto de Importação, que o Ford desfruta por ser fabricado no México. Vindo dos EUA, o Malibu já chegava mais caro que o rival e tinha uma previsão de emplacar 200 unidades/mês. Não rolou: as vendas foram fracas e o modelo acabou saindo do mercado em 2012. Depois a GM ainda ensaiou a volta do modelo em 2013, já em nova geração, mas ficou em somente 101 unidades vendidas exclusivamente para os concessionários da marca.
Por fim chegamos ao caso do Sonic. Inicialmente importado da Coreia do Sul, o modelo chegou ao país em 2012 nas carrocerias hatch e sedã, para fazer frente ao Ford New Fiesta. Mas, ao contrário da Ford, que nacionalizou o Fiesta, a GM optou por manter o Sonic vindo de fora – só que agora do México em vez do país asiático. O entrave é que nesse meio tempo o Governo fixou uma cota máxima de importação que inclui a terra da tequila. Resultado: já com a concorrência interna gerada pelo sucesso do Onix e a necessidade de trazer maior volume do Tracker (o novo, também vindo do México), o Sonic teve sua importação interrompida – podendo voltar ao mercado futuramente.
Como vimos por todos esses casos, a vida dos importados no Brasil não é nada fácil – e nem mesmo marcas que têm fábrica aqui, como a GM, são afetadas pelas mudanças de jogo do Governo. A Chevrolet, em especial, teve o azar de começar a importação de diversos modelos às vésperas dessas mudanças, seja aumento de Imposto do Importação, alta do dólar ou cota atribuída pelo Governo de uma hora para a outra.
Um modelo que escapou, parcialmente, dessa “sina” dos GM gringos foi o Omega, que ficou algum tempo sendo importado da Austrália para cá, em substituição ao antigo Omega nacional, contudo, também sumiu repentinamente do mercado.
Será que o Camaro e o atual Tracker terão melhor sorte? A GM do Brasil e os proprietários destes modelos esperam que sim, e além disso, os propensos compradores do Tracker esperam que ele passe a ser fabricado no Brasil, e tenha preços mais competitivos.
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