4 de setembro de 2014

STJD exclui Grêmio da Copa do Brasil.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/ 

O Grêmio está excluído da Copa do Brasil. A decisão ocorreu após julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tarde desta quarta-feira. Em quase quatro horas de sessão no Rio de Janeiro, os auditores resolveram, unânimes em 5 a 0, pela punição após denúncia feita pela procuradoria, baseada no artigo 243-G (e seus parágrafos) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). 

Assim, o Santos está classificado para as quartas de final do torneio, para enfrentar o Botafogo, contudo, a chave está paralisada até o julgamento no Pleno, uma vez que o Grêmio irá recorrer.

O clube foi multado em R$ 50 mil, mas não perdeu mando de campo por "ato discriminatório". A decisão não é definitiva. Cabe recurso, com novo julgamento em segunda instância no Pleno do STJD, a ser marcado em 15 dias. O quarteto de arbitragem também fora denunciado pela procuradoria por não ter colocado o episódio relatado por Aranha na primeira versão da súmula. Wilton Pereira Sampaio acabou suspenso por 90 dias, enquanto os auxiliares pegaram gancho de 60 dias. O Grêmio ainda foi julgado por arremesso de objeto, e o Santos, por atraso na volta do intervalo, ambos levando multas de R$ 2 mil e R$ 4 mil, respectivamente.

O julgamento começou com o pronunciamento do presidente da sessão Fabricio Dazzi. Depois, a procuradoria apresentou provas em vídeo. Entre eles, reportagens de televisão e depoimento de Aranha. O mesmo foi feito pela defesa do Grêmio, que mostrou matérias de sites com as ações promovidas pelo clube, além de vídeos institucionais e depoimentos de jogadores, como Zé Roberto e Matheus Biteco.
O presidente Fábio Koff foi o primeiro a sentar perante os auditores para esmiuçar a posição do Grêmio sobre as injúrias raciais. Com larga experiência na magistratura, Koff tratou de exaltar os exemplos de ícones negros no clube e disse que a instituição foi "pioneira na integração racial".

Também julgado, assim como seus auxiliares, por só relatar as injúrias raciais em adendo na súmula, o árbitro Wilton Pereira Sampaio afirmou que ficou "assustado" ao ver as imagens após a partida, no hotel. Em campo, confirma que não havia visto nem ouvido as ofensas e lembrou que em jogos da Copa do Brasil não há árbitros auxiliares atrás das metas.

- Não presenciamos nada, foi por meio de um relato do jogador. Após o término do jogo, nenhum atleta veio me questionar. Pensei que não havia sido nada. A gente sempre assiste ao jogo depois e fiquei assustado com o ocorrido. Por isso, incluí o adendo na súmula. Nós achamos que, aos 42 minutos do segundo tempo, com o Santos ganhando o jogo, achei que era uma tentativa de passar o tempo - relatou, em meio a forte cobrança dos auditores.

O árbitro negou que Aranha tivesse respondido aos torcedores com xingamentos:
- O atleta se virou para a torcida, bateu no braço e cuspiu no gramado.
- No momento em que nos viramos para a torcida, já não eram mais ofensas racistas, eram xingamentos normais de jogo - disse o auxiliar Carlos Berkenbrock, que falou depois de Pereira Sampaio.

O suprocurador geral Rafael Vanzin tomou a palavra para reafirmar que considera o Grêmio responsável. Segundo ele, episódios de cunhos racistas não são de hoje, e cita o caso envolvendo o zagueiro do Inter Paulão, alvo de injúrias raciais de um torcedor no Gauchão, também na Arena. 

Ainda citou as postagens no Twitter, feitas pelo vice-presidente Adalberto Preis, em que alegou que Aranha fizera "grande encenação" no episódio. Por fim, pediu a exclusão do clube da Copa do Brasil, além de pena para o quarteto de arbitragem.

O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.

A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia na sexta.

Diante da repercussão, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Pedras foram jogadas em direção a sua casa na noite de sexta-feira. O GloboEsporte.com visitou a região na tarde de sábado e ouviu os vizinhos. Amigos negros da menina de 23 anos garantem que ela não é racista. Até agora, seis pessoas foram intimidas a depor, entre elas Patrícia.

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