7 de novembro de 2011

AVE-ELEFANTE DE MADAGASCAR

Fonte: http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br

Um órgão da imprensa brasileira publicou em 25 de março de 2009 a foto de um homem tendo na mão um ovo considerado como o maior do mundo. A legenda dessa ilustração esclarece que tal ovo teria supostamente sido posto no século 17 e pertenceria à extinta ave-elefante de Madagascar. Complementando a nota, cuja fonte divulgada era a agência de notícias France Press, o jornal informou que naquele mesmo dia o referido objeto seria oferecido em leilão pelo antiquário The Chelsea Fair, estabelecido em Londres, capital inglesa, e que seu valor estimado girava em torno de 340 mil dólares.

A ave-elefante, cujo nome científico é Aepyornithidae, pertencia a uma família de aves extintas há centenas de anos, da qual faziam parte apenas dois gêneros descritos pelos pesquisadores: o Aepyornis e o Mullerornis Milne, ambos divididos em algumas subespécies surgidas em períodos diferentes do quaternário, era geológica que abrange duas épocas com dinâmicas ambientais distintas: o pleistoceno, entre 2 milhões de anos e 10.000 anos atrás, e o holoceno, entre 10.000 anos e os nossos dias. Conhecidas por pássaros-elefante, aves-elefante ou vorompatras, elas viveram na ilha de Madagascar, situada no oceano Índico, 390km ao largo da costa oriental do Sul da África e separada do continente pelo canal de Moçambique, sendo descritas como as maiores aves que já existiram no planeta.

E, realmente, elas eram enormes. Tinham três metros de altura e dois de comprimento (que chegava aos 3 quando esticavam o pescoço), pesavam por volta de 500 quilos e colocavam grandes ovos com mais de 30cm de comprimento e 10kg de peso. Fora seu tamanho e força, não possuíam defesas especiais, pois em seu ambiente natural os únicos grandes predadores que poderiam causar-lhes mal eram os crocodilos, fáceis de evitar. Foram os caçadores humanos que chegaram à ilha os causadores de sua extinção, talvez no século 17. Isso porque ao ser descoberta em 1500 pelo navegador português Diogo Dias, Madagascar passou a servir de escala para as embarcações que singravam aquelas águas em direção à Índia, razão pela qual a ave-elefante tornou-se complemento obrigatório primeiramente das refeições dos marinheiros lusitanos, e logo em seguida dos holandeses, franceses e ingleses que também disputavam com os primeiros a supremacia nos mares.

Para que os tripulantes dos navios que ali aportavam pudessem se abastecer de carne fresca a ser consumida durante as viagens que faziam, um número cada vez maior de aves-elefante tornou-se vítima dos nativos hova que habitavam a ilha, o que finalmente as levou à extinção provavelmente no século 17. Paralelamente, morticínio semelhante ocorria nas ilhas Maurícias, a oeste de Madagascar, quando o dodô, uma ave com meio metro de altura e peso bem menor (em torno de 25 quilos), também desapareceu definitivamente nessa mesma época (vide texto a respeito).


Conhecida como pássaro roca pelos portugueses; elefantvogel pelos holandeses; elephant bird pelos ingleses; e rukkh pelos árabes, a ave-elefante de Madagascar pode ter originado a lenda árabe do pássaro roca, uma ave voadora tão grande que podia carregar um elefante em pleno vôo. Isso porque ela, a original, a real, já era conhecida bem antes dos navegadores europeus explorarem os mares orientais em busca de riquezas. Em “O Livro das Maravilhas do Mundo”, também conhecido como “O Milhão”, Rustichello de Pisa relata as aventuras vividas pelo veneziano Marco Pólo (1254 - 1324) no Oriente, a ele contadas quando ambos estiveram presos na Itália, por volta de 1295. Em certa passagem essa obra relata que o aventureiro afirmava “ter ouvido que naquela ilha haveria pássaros muito grandes. Contam que são tão fortes que levantam ao ar um elefante, deixando-o cair de tão alto que rebenta, quando chega ao solo. [...] Os habitantes da ilha chamam-lhes 'ruth' e não lhes dão outro nome"

Entretanto, os estudiosos do assunto garantem que “o verdadeiro rukkh ou ave-elefante, uma das mais pesadas aves que já existiu, não podia voar. Cada uma das suas duas grossas patas terminava em três dedos fortes, suficientemente largos para carregar seu grande peso. Os ossos da coxa, espessos e longos, indicam que, ao contrário do avestruz, não se tratava de uma boa corredora”.

Tratando do mesmo assunto, o blog Terramater, de Portugal, uma empresa cujo objetivo é o de “que seja normal viver num meio ambiente agradável, bonito e saudável, coisas simples como saborear a água pura, cheirar o ar limpo, sentir o toque da natureza nas coisas do dia-a-dia, poder contar com um futuro sustentado”, nos dá o seu recado:

“A história de que vos quero falar é a da Ave-Elefante, a maior ave que já existiu. Acredita-se que tinha mais de três metros de altura e pesava meia tonelada. Os seus ovos chegavam a medir 1 metro, tendo 160 vezes o volume de um ovo de galinha. Esta ave, parente longínquo da avestruz, habitava a ilha de Madagascar até se extinguir no século XVI. A causa mais provável do seu desaparecimento é a ação do homem, que terá predado os seus ninhos em busca dos seus enormes e nutritivos ovos. Os cientistas pensam que a ave-elefante se alimentava de frutos que apanhava no solo. Alguns com uma casca muito grossa e rija. O seu sistema digestivo estaria bem adaptado para as digerir”.

“Esta é talvez a explicação de existirem espécies de árvores na floresta de Madagascar em que as árvores mais jovens têm mais de 400 anos, altura em que germinaram as suas últimas sementes. Provavelmente sementes de frutos com uma casca tão espessa que necessitavam de passar pelo sistema digestivo de uma ave para poderem germinar”

“É difícil prever que efeito terá a extinção anunciada destas árvores das quais dependem certamente muitos outros organismos; É fácil entender a falta que uma única espécie faz a um ecossistema”.





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