28 de março de 2014

UP sem ar e direção assistida, VW exagera na simplicidade!

Fonte:  http://caranddriverbrasil.uol.com.br/

A expectativa era grande quando o Up! chegou na garagem da redação de caranddriverbrasil. Afinal, o carro é um dos mais importantes lançamentos da Volkswagen desde o Gol, o campeão de vendas da marca. Mas, ao contrário da maioria dos colegas de imprensa, a revista optou por avaliar primeiro a versão Take Up!, a mais em conta.

O carro chegou básico, "pero no mucho".  Estava sem ar-condicionado (R$ 2.750) e direção hidráulica (R$ 1.240), mas tinha pintura metálica (R$ 1.030), aquecimento (R$ 460), divisória no porta-malas (R$ 190),  som (R$ 530), alto-falantes (R$ 230), travas elétricas  e vidros dianteiros elétricos (R$ 700). No total, dos R$ 28.900 cobrados pelo modelo "basicão", o preço da unidade avaliada já passava para R$ 32.370.

Será que vale a pena pagar mais de R$ 30 mil num carro sem ar-condicionado e direção hídráulica? 

Bem, ficou claro que o Up! tem um projeto moderno, que inclui mecânica refinada e uma plataforma nova, leve, versátil. Por tudo isso, dá para dizer que foi no mínimo estranho dirigir algo assim, avançado, tendo que colocar os músculos do braço à prova ao sair de uma vaga, como se estivesse em um "pé de boi" fabricado há mais de 20 anos.

Portanto, inegavelmente a resposta é não, não vale. E está aí o problema que a VW vem enfrentando, sua mania de vender os carros mais caros do que os similares dos concorrentes, e nem digo das marcas novas, vamos ficar só com as três rivais mais tradicionais, e fato notório que a marca alemã tem seus preços sempre mais caros do que as demais, e nem sempre por produtos tão bons.

Inclusive, neste caso do Up é uma verdadeira contradição, um carro com grande apelo de modernidade não poderia ser vendido sem direção assistida e travas elétricas, isso seria o mínimo do mínimo. Não combina nem um pouco com a imagem do carro.

Quer um exemplo prático dessa incoerência? Pois bem,  em um dia chuvoso, com o para-brisa ligado, noto que o sistema de multiplexagem do Up! consegue cruzar informações de vários sistemas e, assim que o carro parou no sinal vermelho, o limpador passou automaticamente para o modo intermitente. Bastou engatar a primeira e avançar depois do verde que o para-brisa voltou a funcionar como estava antes, na velocidade um, que varre o para-brisa de maneira contínua. Essa tecnologia é compatível com o que a marca faz mais sofisticado no mundo. E como um carro que tem esse tipo de equipamento não vem com direção assistida, ainda mais com um volante arrojado, com base plana?

Sem assistência na direção, mesmo com o carro em movimento, a impressão é de que foi preciso girar o volante um pouco mais que o comum nas curvas. Mesmo assim, a nova plataforma NSF mostra toda sua solidez e mantém o Up! estável, transmitindo segurança, apesar dos estreitos pneus "verdes" Goodyear Duraplus 175/70R 14, que oferecem menos resistência à rodagem e ajudam a economizar combustível. Próximo do limite de aderência, o carro tem leve tendência a sair de frente, mas é facilmente controlável. Bom também é que, por ser leve (910 kg nessa versão básica), o Up! mostra boa agilidade na maioria das situações do dia a dia, ainda mais levando em conta que tem um motor com apenas um litro de cilindrada. O câmbio manual de cinco marchas tem engates sempre fáceis e precisos, um dos melhores do segmento atualmente.

O três cilindros EA 211 rende bons 82 cv e 10,4 kgfm de torque a 3.000 rpm. Vibra e emite um ronco até certo ponto animador acima dos 4.000 rpm e tem se tornado um dos mais eficientes do mercado. Nessa versão básica, que consome o menos de energia possível, pela ausência de alguns equipamentos, principalmente ar-condicionado e direção assistida eletricamente, o baixo consumo de combustível foi supreendente. Com gasolina no tanque,  rodando a maior parte do tempo na cidade, com trânsito pesado, chegamos apenas próximo da reserva do tanque de 50 litros depois de rodar mais de 500 quilômetros. Seguindo à risca as indicações de troca de marcha no painel, teríamos economizado ainda mais.

Compacto, com apenas 3,61 metros (um Gol tem 3,81 m), o Up! é fácil de estacionar e tem um espaço suficiente para levar quatro ocupantes sem aperto. O porta-malas de 285 litros tem capacidade compatível com o porte do carro e pode vir com uma divisória para separar o tipo de carga, o que não é má ideia, mas se mostrou dispensável durante a avaliação. A ergonomia é boa, com comandos bem posicionados e fáceis de serem acionados. Mas faltou um relógio, item extremante simples e que poderia ser incluído facilmente na lista e equipamentos de série, nem que o horário tivesse que aparecer na tela no visor do sistema de som, como acontece em alguns modelos mais em conta. 

Segundo a avaliação da revista, no cômputo geral, o Up! agrada, mesmo na versão básica.

Com a inclusão de ar-condicionado e direção hidráulica, o modelo Take, na configuração avaliada, passaria de R$ 32.370 para R$ 35.900, valor acima de um dos seus principais rivais, o Hyundai HB20 Comfort 1.0, que vem não apenas com ar e direção, mas também com computador de bordo de fábrica. 

Ficha Técnica
Preço: a partir de R$ 28.900
Motor: Dianteiro, transversal, 1.0, 8V, flex, 16V
Potência (cv):  75 (G) / 82 (E) a 6.250 rpm
Torque (kgfm): 9,7 (G) / 10,4 (E) a 3.000 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração dianteira 
Dimensões (m): 3,60 (comprimento), 1,64 (largura), 1,50 (altura), 2,42 (entreeixos)
Peso (kg): 910 kg
0 a 100 km/h: 14,6 segundos
Velocidade máxima: 165 km/h


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