28 de janeiro de 2017

TRUMP RECEBERÁ O MAIS PODEROSO PORTA-AVIÕES DA HISTÓRIA.

Fonte: http://airway.uol.com.br/

O porta-aviões tornou-se a principal embarcação de guerra durante a Segunda Mundial, suplantando os imensos encouraçados, navios de batalha com canhões de grosso calibre que eram até então a nau capitânia das esquadras. Os Estados Unidos, como nenhum outro país, soube entender o potencial que eles possuíam e após o conflito investiram em massa em embarcações cada vez maiores. Ainda na década de 1960, criaram os navios aeródromos com propulsão nuclear, capazes de navegar por meses sem necessidade de reabastecimento. 

Nos anos seguintes, os Estados Unidos empreenderiam uma sequência nunca vista de construção de porta-aviões que culminaria com a classe Nimitz, em 1975. 

Desde então, nenhum novo porta-aviões foi desenvolvido, apenas novas versões do Nimitz. Hoje uma dezena deles está distribuída em várias bases do país e devem ganhar a companhia do mais novo porta-aviões projetado pela nação, o Gerald R. Ford, e com ele a superpotência reafirma seu domínio dos mares.

Ele só deverá entrar em operação no ano que vem, mas o porta-aviões Gerald R. Ford já é o mais caro navio de guerra construído, ao custo de cerca de US$ 13 bilhões. Parte de uma nova classe de porta-aviões nucleares, o CVN-78 (sigla adotada pela Marinha dos EUA) substituirá uma lenda, o Enterprise, o primeiro porta-aviões nuclear da história.

O Gerald R. Ford, batizado em homenagem ao 38º presidente do país, foi ao mar em novembro de 2013 e deve ser comissionado em 2017, embora problemas técnicos tenham atrasado seguidamente as previsões. Ou seja, o novo presidente americano Donald Trump terá em suas mãos um navio cuja capacidade militar deve superar com folga a da classe Nimitz, que hoje reúne 10 embarcações.

O novo porta-aviões é relativamente parecido nas dimensões com os navios hoje em operação: desloca mais de 100 mil toneladas, mas é mais longo (337 metros contra 332 metros da classe Nimitz), largo (78 m contra 76,4 m) e alto (78 m contra 76,8 m), mas é nos detalhes que a classe Ford supera sua antecessora. O convés de voo, por exemplo, é maior graças a uma ilha menor (a torre de controle do navio) e recuada e também ao uso de apenas três elevadores contra quatro das classes antigas.

Com isso, a marinha americana acredita que será possível operar 25% mais voos por dia, tornando o Gerald R. Ford ainda mais capaz. Embora a velocidade seja semelhante a dos porta-aviões atuais (cerca de 56 km/h), o novo navio utiliza um sistema de propulsão por energia nuclear muito mais poderoso.

O Ford é equipado com dois reatores nucleares com capacidade de gerar 600 megawatts de potência, nada menos que o triplo do que a classe Nimitz e o Enterprise (este último precisava de oito reatores para gerar 210 megawatts). A razão para isso está no aumento do consumo de eletricidade a bordo, algo não previsto no projeto original dos navios aeródromos anteriores. Com o passar dos anos, mais e mais equipamentos eletrônicos foram implementados e isso elevou a necessidade de energia nos porta-aviões modernos.

Mas a nova embarcação é inovadora também em outros aspectos. O que mais tem chamado a atenção é o sistema de catapultas, com tração eletromagnética. Até então, o mecanismo de lançamento dos aviões era realizado por meio de pressão por vapor. No entanto, esse sistema tem algumas desvantagens entre elas não conseguir modular a energia necessária para lançar uma aeronave menor – aparelhos não-tripulados, por exemplo.

O sistema de lançamento eletromagnético é menor e mais potente, além de mais simples de operar. De quebra, reduz o impacto dos lançamentos na estrutura do navio, mas o desenvolvimento foi difícil e os testes ainda não chegaram a um nível de confiabilidade necessário.

O mesmo pode-se dizer de outro recurso padrão nos navios americanos, o sistema de frenagem por cabos no pouso. O CVN-78 também faz uso de eletromagnetismo que é controlado por um motor turbo-elétrico no lugar de um sistema hidráulico. Graças a isso, é possível frear UAVs (aviões não tripulados) sem danificá-los.

Por suas dimensões e importância, o porta-aviões é o alvo preferencial numa guerra. Por essa razão, o Gerald R. Ford recebeu um novo conjunto de radares e sistema de vigilância que consiste de equipamentos de escaneamento ativo e antenas fixas de menor diâmetro (um dos fatores que fizeram a ‘ilha’ ser menor). Até mesmo uma inédita arma deverá equipar os porta-aviões no futuro, o FEL (Free-Electron Laser), capaz de emitir ondas que explodem pequenos barcos e drones.

A automatização do navio também permitirá uma significativa redução no número de tripulantes. Em vez de mais de 5 mil pessoas, os porta-aviões da classe Ford necessitarão de pouco mais de 4,5 mil tripulantes, entre marinheiros e aviadores.

A importância dos porta-aviões nucleares no papel de superpotência militar dos Estados Unidos é clara. Sem eles, a projeção de poder do país seria bem menor e a velocidade de ação muito inferior a vista hoje. Não é à toa que a marinha americana mantém uma frota numerosa deles espalhada por vários lugares do mundo. No entanto, o atraso na entrega do Gerald R. Ford tem causado uma inédita lacuna na estratégia, que precisa contar com 11 navios aeródromos operacionais.

Como o Enterprise foi aposentado em 2012, hoje os EUA contam “apenas” com os 10 navios da classe Nimitz. De quebra, o CVN-78 foi projetado de forma a otimizar o uso dos novos caças F-35, da Lockheed Martin, e que, como o navio, também estão com seu desenvolvimento atrasado – e mais caro.

O início dos testes em mar aberto, no entanto, seguem indefinidos enquanto o porta-aviões apresenta problemas com o sistema de propulsão, que não tem conseguido chegar à potência máxima. Para não retardar ainda mais sua entrega, a marinha decidiu postergar a instalação de alguns equipamentos para os próximos navios da classe Ford, o novo John F. Kennedy (CVN-79) e Enterprise (CVN-80).

Nas mãos de Trump, espera-se que não se torne tão ativa quanto fazem pensar suas ideias.


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