11 de setembro de 2017

Dez veículos militares projetados e construídos no Brasil.

Fonte:  https://quatrorodas.abril.com.br

O Brasil tem um histórico de venda de veículos militares, e entre as décadas de 1970 e 1980 o país chegou a ser um dos maiores produtores mundiais, graças sobretudo ao sucesso dos blindados sobre rodas desenvolvidos pela Engesa. Exportados principalmente para os países do Oriente Médio, eles combateram diversas vezes em conflitos reais, com bons resultados. Saiba mais sobre eles a seguir.

Cascavel: Produzido em São José dos Campos pela Engesa, o blindado alcançou enorme sucesso internacional desde que começou a ser feito, em 1980. Além do Brasil, onde ainda existem mais de 200 unidades em operação, ele foi exportado amplamente para países como Iraque, Líbia, Colômbia e Chipre e, em menor quantidade, para outros países vizinhos (Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela).

Ele compartilha alguns componentes mecânicos com o Urutu (veja mais detalhes abaixo), outro blindado produzido pela Engesa, apesar de terem propostas diferentes – enquanto o Urutu transporta tropas, o Cascavel é um veículo de reconhecimento e combate ligeiro. Seu armamento padrão é um canhão de 90 mm, além de metraladores secundárias junto à torre.

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Urutu: Provavelmente, esta é a mais conhecida de todas as “cobras” feitas no Brasil. Também, já são mais de quarenta anos desde que o primeiro Urutu entrou em ação, transportando tropas de até 12 soldados – além do motorista e do comandante. Acessibilidade sempre foi um dos pontos fortes do modelo, sendo possível a entrada e a saída dos ocupantes pelas laterais, pela traseira e pelo teto.

Além do uso intenso pelo Exército e pela Marinha do Brasil, ele também fez bastante sucesso internacionalmente. Países como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Colômbia e Líbia adquiriram centenas de unidades. Mas apesar do sucesso comercial e de algumas soluções técnicas eficazes, como a suspensão traseira do tipo “Boomerang”, o Urutu tornou-se obsoleto em situações de combate atuais.

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Jararaca: Eis um caso de modelo nacional cujo foco era a exportação, e não a utilização pelas Forças Armadas daqui. Os países que mais adquiriram unidades do veículo foram Uruguai, Equador, Chipre, Guiné e Gabão, totalizando 63 exemplares vendidos para o exterior.

Produzido pela Engesa, o Jararaca é um veículo de reconhecimento de 4,16 metros de comprimento e ampla autonomia – graças ao tanque com capacidade para 140 litros de diesel, pode rodar até 700 quilômetros. Comporta três tripulantes: motorista, comandante e atirador, o qual opera uma metralhadora calibre 7,62mm. No Brasil, há apenas dois protótipos em funcionamento.

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Ogum: Mais um produto da Engesa, mas que, dessa vez, não chegou a ser feito em larga escala. Novamente, que solicitou o modelo foi Saddam Hussein, que desejava um blindado leve transportador de tropas movido por esteiras (mais eficientes que as rodas em terrenos off-road), com características similares às do alemão Wiesel. Assim, foi criado o primeiro protótipo do Ogum, em 1986.

O governo iraquiano pediu modificações, que foram feitas pela Engesa e se materializaram num novo protótipo – no total, foram produzidos quatro exemplares prévios. O ditador do país do Oriente Médio chegou a negociar a aquisição de 200 unidades do Ogum, mas, com o desenrolar dos conflitos na região, a negociação não evoluiu, e o projeto foi abandonado.

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Sucuri: Baseado na plataforma do Urutu e do Cascavel, o Sucuri foi um caça-tanques sobre rodas criado pela Engesa nos anos 80 que abria mão de parte de sua capacidade de proteção para surpreender em termos de velocidade – atingia até 115 km/h, com alcance operacional de 600 quilômetros.

O ponto alto do Sucuri era a força de ataque equivalente à de um tanque, mesmo com um peso total três vezes menor. Seu canhão de 105 mm era montado em uma torre estabilizada. Como armamento secundário, metralhadoras de 12,7 e 7,62 mm. Infelizmente, ele não chegou a entrar em produção.
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Osório: O carro de combate pesado nasceu com audácia e perspectivas de glória. Em meados dos anos 1980, o modelo foi desenvolvido pela Engesa para uma concorrência aberta pela Arábia Saudita. Submetido a testes no deserto, o protótipo do Osório superou os concorrentes do Reino Unido, França e Itália, e ficou em pé de igualdade com o famoso tanque M1 Abrams dos Estados Unidos. Houve boatos de que o contrato chegou a ser redigido, estipulando que a venda para os árabes ajudaria a financiar a compra pelo próprio Exército Brasileiro.

Na hora de fechar o acordo, porém, falou mais alto o poderio político e econômico dos americanos. O início da crise que levaria à Guerra do Golfo, em 1990, selaria de vez o destino do Osório, que ainda participaria de outras concorrências na região. Pior para a Engesa: ao investir todos os seus recursos no desenvolvimento do tanque para exportação – e sem nenhuma garantia de que o Exército Brasileiro, em grave crise financeira, fosse comprar o Osório – a empresa entraria em concordata anos depois, dando fim a um legado de expertise em blindados.

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Astros: Um dos mais bem-sucedidos modelos militares brasileiros mundo afora. Desenvolvido pela Avibras Indústria Aeroespacial em 1983, ele é um lançador de foguetes de saturação utilizado pelas forças armadas de países como Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Indonésia e Iraque – além do próprio Brasil. É capaz de lançar múltiplos foguetes, de diferentes calibres, a distâncias que variam entre 9 e 300 quilômetros, e deve ganhar uma nova versão, chamada de Astros 2020, compatível com mísseis de cruzeiro.

O Astros II esteve envolvido em algum dos mais conhecidos conflitos do século passado, como a guerra Irã-Iraque, realizada entre 1980 e 1988, e a Guerra do Golfo, ocorrida em 1990 e 1991 – em ambos os casos, serviu às tropas de Saddam Hussein com sucesso comprovado, graças à sua mobilidade e poder de fogo.

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Guarani: O mais moderno blindado de transporte médio do Exército Brasileiro teve suas primeiras unidades entregues em 2014, e deve substituir gradualmente o Urutu. Foi desenvolvido pela Iveco, companhia muito conhecida pela produção de caminhões. Com capacidade para até 11 ocupantes, o Guarani é um 6×6 com alcance operacional de até 600 km e que pode alcançar os 110 km/h de velocidade máxima.

Assim como outros veículos militares modernos, o Guarani tem uma estrutura modular, isto é, pode ser modificada e receber outros tipos de dispositivo (armas, sensores, blindagem extra, mecanismos de defesa) de acordo com a demanda. Seu casco inferior em forma de V é ideal para minimizar os danos causados por minas e explosivos, e a blindagem de série oferece protecão contra tiros de fuzil 7,62 mm. Seu armamento principal é um canhão automático de calibre 30 mm em uma torre estabilizada controlada remotamente.

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Gaucho: Pode ser tratado como um veículo militar leve de dupla nacionalidade. Isso porque seu projeto teve início em 2004, durante uma reunião no Rio de Janeiro que teve representantes das forças armadas de Argentina e Brasil. De fato, mais de 85% das peças utilizadas em sua construção são feitas nos dois países, predominantemente na Argentina.

Um dos itens feitos por aqui é o motor 2.8 movido a diesel de 130 cavalos de potência. Por ser um veículo leve (2.100 kg) para sua categoria, o Gaucho é ideal para o transporte por aviões. Possui autonomia de 500 quilômetros e velocidade máxima de 120 km/h. Comporta até quatro ocupantes, e oferece como opcionais uma metraladora calibre 7,62mm e um kit de blindagem leve.

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Marruá: Com a falência da Engesa, alguns de seus projetos pareciam fadados ao esquecimento. Um deles (o EE-12), porém, teve destino diferente graças à intervenção da Agrale. Em 2003, a companhia anunciou que retomaria seu desenvolvimento, atualizando-o para as necessidades das Forças Armadas brasileiras daquele momento. Nasceu, cinco anos depois, o Marruá.

Foi a Marinha que teve a oportunidade de usá-lo de modo pioneiro, em substituição ao Toyota Bandeirante. Nos anos seguintes, o modelo passou a ser utilizado também pelo Exército e, depois, foi exportado para países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Equador. Sua atuação mais notável até aqui é na intervenção brasileira na missão de paz no Haiti, onde o Marruá atua como veículo de carga, de transporte de pessoal ou ambulância.
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