O mercado de carros usados e seminovos vive, agora, um, momento “instável”, com estoques que chegam a 300 mil unidades, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Isso acontece porque esse segmento acompanha o de novos e, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os preços dos veículos usados foram "rebaixados" na mesma proporção dos novos. Assim, o consumidor perdeu a referência de valores e fica inseguro para fechar negócio.
“O consumidor não sabe mais quanto vale o carro dele para vender ou para comprar, então, isso gera uma insegurança muito grande”, afirma o presidente da entidade, Flávio Meneghetti. Segundo o representante dos concessionários, a situação será normalizada dentro de 30 dias. “O estoque em 300 mil unidades é um número considerável, mas daqui a pouco o mercado vai se regularizar”, avalia. Segundo ele, um mercado “saudável, em padrões mundiais," é de três carros usados vendidos para cada novo emplacado.
Embora o mercado se recupere, os preços dos usados tendem a desvalorizar cada vez mais, em função do amadurecimento do mercado brasileiro. Como a referência são os carros novos e estes também não têm valorizado tanto, a tendência é de que os preços do usados caiam ainda mais. O movimento é observado em mercados maduros, como o norte-americano, há anos.
O sócio da consultoria PWC e especialista no setor automobilístico, Marcelo Cioffi, ressalta que os preços dos automóveis novos têm subido “bem abaixo da inflação”, mesmo com a forte pressão de preço de materiais e de mão de obra. “A concorrência no setor é grande”, destaca Cioffi.
Além dos preços dos novos, outro fator que trabalha contra os usados é a ausência de taxas promocionais. “A taxa de um seminovo, por exemplo, fica em torno de 1,3% ao mês”, ressalta Meneghetti.
A tendência apontada pela Fenabrave de redução dos estoques de carros usados é confirmada por analistas do setor, especialmente no que se refere aos seminovos. O sócio-diretor da Roland Berger Strategy Consultants e especialista no segmento automotivo, Stephan Keese, afirma que os preços mais competitivos dos veículos seminovos têm atraído o consumidor de novos.
“Neste grupo, vejo um interesse grande no setor de seminovos. A minha expectativa é que agora temos duas tendências: redução dos estoques de seminovos e aumento das vendas”, explica.
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