15 de abril de 2013

Sem reformas, Interlagos pode ficar de fora do calendário de 2014 da Fórmula 1.



Bernie Ecclestone não está mais disposto a esperar pela tão prometida reforma do Autódromo de Interlagos. Em entrevista ao jornal ‘O Estado de S.Paulo’, o dirigente máximo da F1 colocou o futuro do GP do Brasil em xeque e afirmou que, sem mudanças no circuito, a categoria máxima do automobilismo não passará pela capital paulista no próximo ano. 

“As promessas de reforma de Interlagos não foram cumpridas. Agora, chega”, afirmou. “Não fosse a relação antiga e os sentimentos que me ligam ao Brasil, a F1 já não estava mais lá”, assegurou, mesmo o contrato entre a prefeitura de São Paulo e a FOM garantindo a corrida no ano que vem.

Ecclestone afirmou que as instalações do autódromo não atendem as exigências da F1 atual. O dirigente ponderou que não é preciso nada tão suntuoso como o circuito de Xangai, mas avaliou que é preciso atender as necessidades da categoria. 

“O traçado é um dos melhores do mundo, com certeza. Mas a estrutura à disposição do público e das equipes é a pior do calendário”, ponderou. “Não é preciso ser como isto aqui [o circuito de Xangai], mas deve atender às nossas necessidades operacionais”, defendeu. 

“Não podemos mais cobrar nada dos outros autódromos com Interlagos ano após ano mantendo-se como está. Os demais administradores sabem o que é Interlagos, isso nos desmoraliza”, apontou. 

Ainda de acordo com Bernie, as equipes reclamam da ausência de espaço para itens básicos, como panelas e alimentos, e dizem que é necessário fazer reuniões dentro dos boxes por conta da ausência de salas disponíveis. “Nem em pistas de rua, como Mônaco, Melbourne e Montreal, enfrentamos essas dificuldades”, justificou. 

Em maio do ano passado, ainda durante o governo de Gilberto Kassab, a SPTuris, que é o órgão responsável pelo circuito, apresentou um plano de reforma, que previa uma alteração no traçado da Curva do Café, a construção de um novo paddock e boxes para a F1 na Reta Oposta. 

Apesar da previsão de que as obras seriam concluídas no segundo semestre de 2013, as reformas nem mesmo foram iniciadas. Américo Teixeira Jr., do ‘Diário Motorsport’ e colunista da Revista Warm Up, revelou no início de abril que Fernando Haddad, novo prefeito da capital, descartou fazer a chamada “reforma do século” em Interlagos, que está orçada em mais de R$ 120 milhões. 

Ecclestone afirmou que não espera mudanças para este ano, mas assegurou que a F1 não pisará em São Paulo se nada for feito para 2014.  “Este ano não espero mudanças. Mas se o autódromo não estiver na condição que a F1 necessita em 2014 não iremos a São Paulo”, falou. 

Questionado, então, se o Brasil está fora do calendário, Ecclestone afirmou: “Se até antes da definição do calendário não tivermos garantias de o autódromo estar como exige a F1, sim. Não vamos sequer usar o tradicional asterisco de ‘sujeito a melhorias no autódromo’”, garantiu. ”Temos de saber já antes, de São Paulo ou outra cidade do Brasil.”

“Cansei das promessas. Fui informado de que a cidade não vai fazer parte da Copa das Confederações porque o estádio não estará pronto”, contou. “Com a F1 acontecerá o mesmo”, previu. 

O dirigente máximo da F1 também comentou sobre a visita que fez a Santa Catarina no fim de 2012, onde foi apresentado o projeto para a construção de um traçado integrado ao Parque Beto Carrero, na cidade de Penha, que terá suas instalações projetadas por Herman Tilke. Bernie se disse impressionado com o interesse local em levar o projeto para frente.

“Estive antes do Natal em Santa Catarina e confesso ter ficado impressionado com a disposição daquela gente em levar adiante o projeto de nos receber lá”, comentou. “Acredito que se der o sinal verde eles iniciam imediatamente as obras. E o Rio de Janeiro também me procurou, mas lá seria um pouco mais difícil”, concordou, ciente da destruição de Jacarepaguá e da inexistência de um plano concreto para a construção de outro circuito na cidade.

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