18 de janeiro de 2014

Carros para sempre: Ford Escort XR3.

Fonte: http://carplace.virgula.uol.com.br/
Considerado primeiro carro mundial da Ford, o Escort surgiu na Europa em 1968 e se tornou um grande sucesso de vendas, principalmente após a reestilização de 1975. No Brasil, sua história remonta a 1983, com a chegada da terceira geração do modelo (MK3), lançada com poucos meses de diferença em relação ao Velho Continente. Concorrendo no segmento de carros médios-pequenos, ele rapidamente seria reconhecido pelas qualidades da Ford na época (inovações mecânicas, design moderno e bom acabamento).
Disponível inicialmente nas versões L e GL com carroceria de duas ou quatro portas, o nosso Escort contava com o mesmo visual do modelo europeu, porém adotava motores diferentes. Vantagens eram a boa aerodinâmica (Cx de 0,38), auxiliada pela grade frontal de lâminas, e soluções como os grandes retrovisores externos. Poucos meses depois, viria a luxuosa versão Ghia.
Mas a novidade mais “quente” da linha chegaria por último: o esportivo XR3 (Experimental Research 3), que trazia visual diferenciado com rodas de liga leve exclusivas aro 14″, aerofólio traseiro, faróis de milha e de neblina, teto-solar, lavadores dos faróis, bancos esportivos e volante menor.
O XR3 usava motor 1.6 mais bravo (83 cv e 12,8 kgfm de torque máximo) associado ao câmbio manual de cinco marchas. Com apenas 936 kg, o Escort acelerava de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos e tinha máxima de 163 km/h. Números que não surpreendiam, mas eram razoáveis para a época.
No ano seguinte, em 1985, era lançado o Escort XR3 conversível, primeiro nacional com esta configuração desde o Karmann Ghia – não por acaso, ele era feito em parceria com a própria Karmann. Ele foi o único conversível até 1991, quando chegou o Kadett GSi sem teto. Tudo somado, o XR3 se tornou rapidamente referência no segmento e sonho de consumo, principalmente entre os mais jovens.
A versão esportiva, assim como as demais, ficou mais bem mais agradável com a reestilização de 1986, ganhando para-choques de plástico envolvente com a grade integrada, novas rodas, faróis e lanternas maiores, além de um novo aerofólio. Os faróis de neblina, no entanto, foram abandonados. No interior, havia novo painel de instrumentos, travas das portas nas maçanetas e buzina no volante.
Em 1989, a linha Escort ganhava mais novidades. Em virtude da joint-venture entre Volkswagen e Ford (Autolatina), as versões Ghia e XR3 receberam os motores AP 1.8 de 87 cv com gasolina e 99 cv com etanol. Com a mudança de motor e câmbio, o XR3 passou a ter um desempenho mais convincente e se tornou mais atrativo, principalmente para enfrentar a concorrência do recém-chegado Chevrolet Kadett, que também receberia uma versão esportiva denominada GS.
A série XR3 Fórmula chegava em 1991. Mais completa, ela trazia mais equipamentos para o esportivo, como amortecedores de ajuste eletrônico e bancos esportivos Recaro.
A nova geração (MK5), que existia na Europa desde 1990, estreava por aqui no fim de 1992. Dessa vez, o Escort mudava completamente, ficando mais bonito, maior, mais largo e alto. A distância entre-eixos também cresceu, melhorando o espaço interno. A cabine ficava mais moderna e depois de um tempo passou a contar até com volante ajustável em profundidade (inédito por aqui).
Para o XR3 chegavam faróis com duplo refletor, novas rodas e ausência da grade frontal (a admissão de ar era feita pela tomada de ar inferior). No interior, acabamento esmerado com bancos Recaro de ajuste lombar, alarme e sistema de som com equalizador gráfico.
Além de mudanças na suspensão, a versão esportiva ganhava ainda o motor 2.0i a gasolina de 116 cv de potência e 17,7 kgfm de torque (mesmo do Gol GTi), além de freios a disco nas quatro rodas. O desempenho ficava melhor, com aceleração de 0 a 100 km/h em 10,4 segundos e máxima de 186 km/h, o suficiente para competir de igual pra igual com os rivais Kadett GSi e Gol GTi.
Em 1996, o Escort passou a ser importado da Argentina e a Ford encerrou a produção do lendário XR3. Ele era substituído pela versão Racer, que trazia visual mais discreto e perdia apelo esportivo, mas ainda adotava o motor 2.0. Sem o mesmo requinte, equipamentos e a “mítica” do XR3, acabou ficando poucos meses no mercado.
No fim do mesmo ano era lançada a nova geração (MK7), como linha 97. O Escort ganhava o moderno motor Zetec 1.8 16V de 115 cv e 16,3 kgfm de torque. Com a chegada do novo modelo, o papel de versão “esportiva” cabia ao Escort RS.
Lançada em 1998, a RS usava o mesmo motor 1.8 do restante da linha, mas se diferenciava por detalhes como painel com fundo branco, aerofólio, saias laterais, rodas de liga exclusivas e molas e amortecedores mais rígidos. Na verdade, não era uma versão esportiva como fora o XR3 no passado, e não fez sucesso. Além do mais, ele não fazia jus à sigla RS, que era usada pela Ford na Europa para designar versões esportivas de verdade.
O XR3 representou muito bem a Ford como versão esportiva nos anos 80 e, embora não tivesse desempenho brilhante no início, foi inovador ao oferecer a variação conversível, que ajudou a elevar ainda mais o status do modelo. Reinando sozinho no começo e depois enfrentando a concorrência de Uno 1.5R e 1.6R, Gol GTS e GTi e Kadett GS e GSi, o Escort, um legítimo Ford europeu que sempre marcou pelo requinte e por suas inovações, será lembrando por muito tempo com um dos mais emblemáticos esportivos nacionais.

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