Por: Sérgio Milani
"Já disse um certo barbudo alemão nos idos do século XIX que a história se repete como farsa. E após o GP do Japão do último domingo, onde Lewis Hamilton levou mais uma e praticamente pavimentou seu quarto título mundial, pode se corroborar a afirmativa, mais especificamente com a Ferrari.
Após ter um fim de semana bem positivo, Sebastian Vettel estava largando da segunda posição e poderia sim ter condições de ganhar a corrida e manter vivas suas chances de título. Mas oficialmente foi alegado um prosaico problema de vela para justificar o abandono do alemão logo no início da prova. Não sem motivo, flagraram Vettel sentado em um canto de Suzuka, olhando para o nada…
Diante de tudo que aconteceu nos ultimas etapas, acredito que podemos sim dizer que nada mais igual a Ferrari de 2017 do que…a Ferrari de 1985! Senão vejamos…
Recordando…
Em 1985, o time de Maranello resolveu promover uma grande reestruturação em sua equipe, após a “lavada” do ano anterior dada pela Mclaren. O “eterno” Mauro Forghieri foi convidado a se retirar e se resolveu partir para uma nova abordagem: O carro não seria coordenado por uma só pessoa, mas cada área se reuniria e faria a sua parte. Esta forma de cooperativa deu origem ao 156/85.
Este carro veio a ser uma evolução da versão final do 126/C4 de 84, incorporando uma série de soluções que a Mclaren trouxe no seu dominador MP4/2, incluindo a traseira “coca-cola”, além de uma nova versão do V6 turbo. A dupla de pilotos seria mantida: Michele Alboreto e René Arnoux.
O que parecia meio desconjuntado, iniciou até bem: o carro teve um bom desempenho nos testes de pré-temporada e se habilitou como um dos postulantes ao título. E confirmou esta boa impressão ao permitir Alboreto chegar em 2º no GP do Brasil. Mas por conta deste mesmo GP, Arnoux, que já estava em banho-maria por suas atuações em 84, foi “defenestrado” do posto, sendo substituído por Stefan Johansson, que pilotaria pela Toleman, que não havia corrido por não ter conseguido um contrato de fornecimento de pneus (a liberação do sueco acabou por garantir uma mão da Ferrari para um acordo com a Pirelli).
Alboreto engrenou uma série de bons resultados e após a vitória no GP da Alemanha em Nuburgring, assumiu a liderança do campeonato. Parecia que finalmente a Ferrari conseguiria quebrar o jejum de títulos. E melhor de tudo: com um italiano ao volante. Era demais para o coração dos tiffosi.
Mas a “cooperativa” começou a desandar, mesmo antes disso. A “prata da casa” estava batendo cabeça e, por uma falta de coordenação, o desenvolvimento do carro não foi satisfatório e, numa busca por potência, os técnicos assumiram mais riscos, colocando novos turbos e afinando os blocos dos motores (a Ferrari ainda usava ferro fundido, enquanto seus rivais usavam alumínio e outros metais mais leves). Resultado: foi uma constante ver os carrinhos vermelhos envoltos em fumaça e ficando para trás na crítica segunda parte do campeonato. Com isso, Alain Prost conseguiu se aproveitar da situação e conseguiu vencer seu primeiro título.
O ponto mais baixo acabou sendo em Kyalami. Mesmo com o campeonato já decidido, as Ferrari conseguiram ser mais lentas em velocidade final do que a Minardi empurrada pelo “sensacional” Motori Moderni.
Com isso, é possível ver semelhanças entre a Ferrari de hoje com a de 32 anos atrás: Fez uma grande reestruturação, confiou na “prata da casa”, pareceru que ia dar certo, mas quando precisou cumprir, não entregou.Mas as perspectivas de hoje são melhores e a equipe pode fazer um carro vencedor para 2018. É o que Vettel e o “patrão” Marchionne esperam, já que 2017 dificilmente será de Maranello.".
Fonte: http://www.90goals.com.br/
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