"A última ponta da estrela de Davi
SÃO PAULO A confirmação da saída espirrada de Sébastien Bourdais da Toro Rosso na manhã desta quinta é a última ponta da “Estrela de Davi” demissionária dos pilotos campeões oriundos dos EUA na F1.
Curiosamente — ou não —, os últimos seis pilotos que brilharam na Indy e na antiga Cart foram demitidos.
1) Michael Andretti, filho de Mario, campeão em 1978, deixava a América para expandir seu sucesso na F1 em 1993, após título na Indy pela Newman/Haas (1991). Coitado. Pegou Ayrton Senna como seu companheiro na McLaren, em tempos de domínio da Williams. Durou 13 provas e poucos contos de reis. Voltou para casa com a nem tão garbosa esposa.
2) Jacques Villeneuve foi revelação da temporada 1994 da Indy, vencedor das 500 Milhas e campeão em 1995. Testou à beça para entrar na F1, pela porta da Williams, estreou com pole na Austrália, caiu de produção ao longo do ano e foi vice de Damon Hill. Em 1997, conquistou o título de forma histórica sobre Michael Schumacher. Um 1998 apagado, e o canadense partia para a aventura da BAR. Durou cinco anos, até ser mandado embora por David Richards. Voltou à categoria no fim de 2004 pela Renault, para cobrir a demissão de Jarno Trulli. Sequer pontuou. Em 2005 foi contratado pela Sauber e continuou lá na transformação na BMW. De novo sem sucesso, foi enxotado no meio da temporada 2006. Fez 166 provas.
3) Alessandro Zanardi trazia a fama pelo pintar e bordar que fazia com os adversários na Cart depois da saída de Villeneuve da categoria. Conquistou os títulos de 1997 e 1998 pela Ganassi, e a Williams logo o chamou para o lugar de Villeneuve — oh!. Zanardi, na verdade, voltava à F1, depois de uma passagem quase largada no início da década, correndo por Jordan, Minardi e Lotus. Mas o italiano pegou uma F1 nova, de pneus com ranhuras. Não conseguiu acompanhar o ritmo de Ralf Schumacher, e isso, de fato, pega muito mal. O alemão fez 35 pontos em 1999; Zanardi, zero. Foi o único dos seis que completou a temporada, mas seu contrato para o ano seguinte foi rasgado. No total, 44 corridas.
4) Juan Pablo Montoya deu sequência aos feitos de Zanardi na Ganassi e tornou-se ídolo na América. Estreou em 1999 e foi campeão, de cara. Ainda ficou mais um ano na Indy até que a Williams o chamasse para que voltasse ao “eixo europeu” em 2001. Seu início foi impressionante. Depois, tornou-se mais um. Em 2005, foi contratado pela McLaren. Que o expulsou após a etapa dos EUA em 2006, quase que por pedido do colombiano, que participou de 95 etapas da F1.
5) Cristiano da Matta precisou de um título em 2002 pela Newman/Haas quando a Cart começava a entrar em decadência para chamar a atenção da Toyota. O mineiro só durou 28 corridas até que os japoneses lhe dessem o cartão vermelho.
6) Sébastien Bourdais pegou o lugar de Da Matta na equipe americana e emplacou quatro títulos na sequência. Não emplacou na F1 em nada. Foram 27 provas pela Toro Rosso, que o dispensou após tomar chumbo do então novato Sebastian Vettel e não conseguir andar na frente do debutante Sébastien Buemi.
O que a história de “parceria” entre Indy e F1 conta, portanto, é que Ganassi e Newman/Haas fornecem e a Williams, prioritariamente, pega. Os pilotos das primeiras são, atualmente, Dario Franchitti, Scott Dixon, Graham Rahal e Robert Doornbos. Franchitti está velho para tentar algo, Dixon até que ainda tem uma chance — e já foi campeão —, Rahal é novo e Doornbos teve sua chance. Que seja Dixon, então, o próximo. Que ele aproveite o tempo que eventualmente tiver. E que tenha em mente que seu trabalho se daria em contagem regressiva.".
Nenhum comentário:
Postar um comentário